top of page

Amor ao Rock: a importância dos fãs no gênero musical

  • Foto do escritor: Túlio Daniel
    Túlio Daniel
  • 2 de dez. de 2018
  • 9 min de leitura

Atualizado: 9 de mai. de 2023


Os fãs constituem e são o fator principal na carreira de um artista e isso não é diferente ao se tratar de músicos. A arte é feita e direcionada a esse grupo de pessoas que consomem o produto 'música', logo, um artista deve sempre se inovar e agradar àqueles que, querendo ou não, são quem o mantém na carreira musical. Muitas dessas pessoas acabam criando um fascínio pelo artista e acompanhar seus lançamentos e shows deixa de ser um hobbie e se torna algo essencial no dia-a-dia.


A importância da música na vida de um fã


A música está em todo lugar e somos bombardeados por ela na rua, nas festas, internet, filmes e até no teatro. Presente no nosso cotidiano, ela acaba contribuindo para a vida de quem ouve e para os fãs de um artista. Na infância, ela é fundamental para a formação e desenvolvimento da criança, não sendo atoa seu uso através de cantigas e ritmos nas brincadeiras aplicadas pelos professores.


Muitas letras de músicas auxiliam no desenvolvimento humanos e nas relações interpessoais, como superação, autoestima e, claro, lazer e diversão. Além de que aprender uma nova língua através de canções se torna muito mais fácil, pois o vocabulário e a oralidade ficam mais abrangentes. Vale ressaltar que ouvintes de um gênero específico de música acabam adquirindo um comportamento específico e comum para aquele grupo de pessoas, como no rock, por exemplo, ajudando a música a formar quem você é.


Com a morte de Chester Bennington em 2017, vocalista do Link Park, muitos fãs ficaram comovidos e comentaram a influência que a banda teve na vida deles. Em uma matéria ao Estadão, Gabriela Portela conta sobre o valor dos músicos para ela enquanto fã. “Eu sempre tive problemas emocionais, como ansiedade, e me ajudava muito escutar antes de situações que me deixavam acelerada. Me ajudava a respirar e me acalmar”. Fernanda Swieck, de 24 anos, também ao Estadão, conta que a música deles se tornou um alicerce. “Durante a minha adolescência, meu pai teve problemas de saúde muito sérios, eu tive síndrome do pânico, depressão. A música era um lar para mim”.


Desse modo, a empatia e a identificação com as letras das músicas se tornam um ponto chave pra aqueles que estão passando por algum problema, pois acaba percebendo que mesmo de forma indireta, possuem voz em frente a sociedade e encontram conforto em saber que existem outras pessoas que compartilham dos mesmos problemas e situações.

As músicas despertam sentimentos e nos fazem se sentir melhores em determinados momentos do dia-a-dia. | Fonte: segredosdomundo.r7.com

Histórias de Fãs


A paixão por um artista e suas músicas faz com que muitas pessoas passem boa parte de suas vidas acompanhando um cantor ou banda em seus shows e eventos, muitas vezes fundando os conhecidos fã clubes, onde pessoas podem se reunir, ainda que virtualmente, para compartilhar suas admirações ao artista, fazer amizades e organizar idas à shows e visitas aos camarins juntos.


Mas até onde vai essa verdadeira paixão? Muitas pessoas colecionam vários discos, pôsteres e objetos que remetem ao artista, passam horas em filas e em frente à hotéis, fazem de tudo para serem notados e conseguirem uma foto com a banda. Nos casos mais extremos, quando morre algum artista, muitos acabam tirando a própria vida.


Germano Sathler, 20 anos, é o criador da página Rita Lee – Fã Clube no Facebook. Seu amor e admiração pela cantora foi o que o motivou a criar o fã clube em frente a necessidade de divulgar o trabalho da artista e para deixar o legado. Segundo Germano, seu quarto é um verdadeiro templo à Rita Lee, com pôsteres, cd’s, discos, miniaturas e livros. “Sobre dormir em filas: nos últimos eventos isso tem acontecido muito. Eu mesmo já saí da minha cidade às oito da noite e cheguei a São Paulo às quatro da manhã direto pra fila no Conjunto Nacional, na Paulista. Fora os que foram direto do aeroporto à noite e ficaram até a hora da sessão na Autobiografia”, conta o criador da página.


Mesmo a cantora não realizando mais shows, os fãs ainda se mantêm ativos para poder mostrar à cantora toda admiração que eles possuem, como afirma o próprio Germano: “Em seus lançamentos de livros, sempre damos aqui e no Instagram todas as informações a fim de reunir a maior quantidade de pessoas”.

Germano Sathler, criador do Rita Lee - Fã Clube | Arquivo Pessoal

Vinícius Caricatte, 27, é um verdadeiro fã do rock e viu na criação de um site a chance de ficar mais próximo de cantores e bandas do gênero. Criador do site Rock Fã Clube, Vinícius afirma que, inicialmente, o criou com a simples finalidade de não precisar pagar a entrada em shows com o argumento de fotografar o evento e divulgá-lo em seu site, entretanto, hoje isso mudou: “A fotografia virou uma profissão. Hoje o site está ativo com o intuito de entregar aos fãs conteúdos que não são de fácil acesso, mas que gostariam de ter, como curiosidades, fotos raras, entrevistas antigas, etc”.


Caricatte ainda conta que seu amigo Lucas Gabriel, outro fã do rock, estava no show do Thirty Seconds to Mars, no Rock In Rio de 2017, quando o vocalista Jared Leto o chamou no palco. Em meio à emoção e correria, seu amigo acabou por machucar a mão e não conseguir ligar o celular, não podendo registrar o momento. Mas por sorte, como um verdadeiro fã, Lucas foi em outro show da banda nesse ano e conseguiu novamente subir no palco e ficar junto dos músicos.


O amor pelo artista e por seu talento faz com que os admiradores também sonhem com seu sucesso. Venosa, a banda de rock nacional que já deu uma entrevista ao nosso blog e que se originou na cidade de Uberlândia (MG), também possui um fã clube ativo há 5 meses. Viviane Guimarães é a fundadora e administradora do perfil Venosa Rock Fã Clube no Instagram e conta o que a levou a criar a conta: “Há cinco meses criei a página, porém sou fã da banda a muito tempo. Criei o perfil pois além de adorar o rock, também acredito que eles vão alçar grandes voos, pelo talento, carisma e extrema generosidade com os fãs, querendo eu contribuir para isso de alguma forma”.

Viviane Guimarães e a Banda Venosa | Arquivo Pessoal

Toda via, quando o artista não é nacional, torna-se mais difícil poder prestigiá-lo e tentar conhecê-lo de perto. Em entrevista para o Guia da Semana, Kate Carmo, de 27 anos, conta que vinha juntando dinheiro há muito tempo para poder ir no show do Guns ‘n’ Roses, o qual ela é fã. Quando soube que eles iriam vir ao Brasil, a moça aproveitou o dinheiro e se hospedou em todos os hotéis que a banda iria ficar. Fazendo amizade com a governanta brasileira, Kate conseguiu credencial para os camarins e até um autógrafo sobre a tatuagem que ela possui da banda. Ela conta ao site que as coisas ficaram mais fáceis depois disso, que tomava café com os cantores e até participou de um happy hour. "No Rio de Janeiro, eu tomei caipirinha na praia com o baterista".


Laura Justino, de 18 anos, sempre acompanha seus cantores quando fazem algum show na sua cidade ou nas proximidades. Em 2015, por uma foto no Instagram ela conseguiu reconhecer o hotel em que a banda Capital Inicial estava hospedada e conseguiu tirar fotos e até conversar com os músicos. “Meu momento favorito foi quando perguntei ao Yves, o guitarrista, sobre sua camisa do System of a Down que ele usou no Rock in Rio e ele respondeu lamentando a perda da roupa. O Fabiano, que fica na parte do violão, guitarra e backing vocal, foi mega gentil e agradeceu por eu estar ali. Eu acho que todos eles me trataram bem porque além de mim estavam meu irmão e minha mãe, os quais são super fãs também, além de não ter mais ninguém ali pra tumultuar”, conta.

Laura Justino e Dinho Ouro Preto, vocalista da Capital Inicial | Arquivo Pessoal

A importância do fã na carreira de um artista


A carreira de um artista não se limita apenas à suas apresentações e demonstrações de arte. No mundo da música, vários fatores influenciam o sucesso de um cantor, como investimento, empresariado e claro, público, pois sem eles não é possível o artista se manter no mercado.

“Os cantores e artistas em geral só são o que são por conta dos fãs. Talvez muitos não percebam depois da fama, mas cada fã é importante. Cada fã é uma borboleta que pode causar um furacão se unidas. Sem o fã, o artista não existe. Sem fãs, ninguém existe” – Vinícius Caricatte.

O respeito e atenção aos fãs é de extrema importância, não bastando apenas lançar novas músicas pensando que seu público já está ganho. Mas para isso, o fã também acaba por ter o seu papel e função na vida de um artista, que segundo Laura é o de apoiá-lo e respeitá-lo, mostrando que existe alguém querendo que eles continuem a fazer o trabalho. Germano, como representante de um fã clube, garante que o papel da entidade e de seus perfis na internet vai além de admiração, mas também divulgação do artista. “O fã movimenta as vendas do artista, tudo o que é relacionado àquele artista. Dá mais fôlego, eu imagino, para o artista seguir”, afirma Germano.


Com a internet, essa divulgação realmente se torna mais fácil, tanto para divulgar a agenda e produtos, quanto para ouvir as músicas, através de sites e a nova tecnologia do streaming. Viviane, que acaba divulgando a banda Venosa exclusivamente via internet, concorda: “Acho que nenhum artista é maior que seu público. É o público, o fã, que faz o artista ser grande, e acho que a rede social sendo usada com responsabilidade é uma vitrine para o artista”.


O estereótipo acerca do estilo rockeiro


O amor pelo rock acaba sendo passado de geração em geração, de pai para filho, e com isso o estilo rockeiro acaba acompanhando. Desde o surgimento do rock, os fãs e ouvintes acabaram criando um estilo próprio e muitas vezes estereotipado, que acaba os reconhecendo em meio a sociedade padrão. Camisas pretas, cabelos longos, barbichas, piercings, unhas e maquiagens escuras, pulseiras, coturnos, caveiras, caretas em fotos e até gestos com as mão que ficaram conhecidos como o símbolo do rock foram criados e usados pelos fãs e ouvintes do gênero.


Quando questionados sobre a perda de identidade e desuso de itens “típicos” do rock, tanto Laura quanto Vinícius discordam. “São símbolos para nós. Pode ser que hoje tenha maior liberdade para usar o que quer, mas o princípio de usar preto, acessórios pontudos e de caveiras, coturnos, jaquetas, continua e faz parte da alma de um rockeiro. Até as bandas criadas a pouco tempo respeitam e continuam isso”, afirma Laura. “Hoje, tem muito cara no estilo "viking", com barba grande também. Acredito que os estilos estão mais variados, mas o estereótipo continua. Hoje, ao ver um cabeludo, ou um cara com camisa preta, uma lembrança do rock já é bem fácil. Mas hoje o mundo tá mais flexível... Tem rockeiro que tá usando até branco”, conta Vinícius.

"Chifre" com as mãos é símbolo bastante usado pelos rockeiros. | Fonte: somdorock.pt

Afinal, o Rock morreu?


Como qualquer gênero musical e artista, existem altos e baixos no sucesso musical, e com o rock não seria diferente. Nos últimos tempos, a ideia da “morte” do rock vem entrando em alta por vários motivos, como a ausência de músicas e artistas nos topos das mais tocadas em rádios e aplicativos, fim de festivais e até mesmo a ausência de cantores do gênero no Rock In Rio, festival destinado ao rock mas que hoje conta com a apresentação de cantores e bandas de outros gêneros musicais.


Outros gêneros, especificamente no Brasil, nos últimos anos vêm ganhando grande espaço e ascendendo cada vez mais, como o sertanejo, o pop, o funk que voltou à tona e domina as paradas de sucesso, a música eletrônica com seus dj’s fazendo sucesso até mesmo internacionalmente, gêneros esses que movem shows gigantescos, clipes e apresentações na TV, coisas não muito comuns ao se falar do rock.


Em uma matéria para o site Tenho Mais Discos Que Amigos, Leo Alves garante que os fãs do rock têm um papel fundamental para a queda de popularidade do gênero. As bandas iniciais e até aquelas que já possuem tempo no mercado acabam se restringindo a fazer covers de grandes sucessos em seus shows, o que não é tão comum com o funk, por exemplo, que a cada dia lança músicas novas e que estouram em todo o país. “O estilo, através de seus seguidores, se fechou na própria bolha, impedindo que novidades oxigenem seu cenário e renovem seu público. E o mais trágico é que são os próprios roqueiros que matam o rock com um apego excessivo ao clássico e uma rejeição irracional a qualquer novidade”, afirma Leo ao site. E continua: “Muitos dizem que o problema é que não se têm mais artistas de qualidade surgindo no rock, mas isso é a mais absoluta mentira. Muitas vezes a abordagem das pessoas é de já escutar o novo para criticar, esperando que aquele som tenha o mesmo impacto que teve ao ouvir suas bandas favoritas pela primeira vez quando elas tinham 14 ou 15 anos, e hoje já têm mais de 30”.


Laura já discorda de Leo, e acha que o tributo é fundamental para deixar o gênero ativo. “Por mais que, pelo menos no Brasil, o número de fãs de sertanejo e funk esteja crescendo, o rock não está morrendo porque as músicas são eternizadas. Todos lembram das músicas do Renato Russo, por exemplo, enquanto que daqui 20 anos, creio que menos, mesmo que nos lembremos do sertanejo raiz, do modão, ninguém se lembrará dos hits repentinos que surgem do dia pra noite”. Mas ao falar do prestígio às banda que estão surgindo, ela concorda: “É comum bandas de rock atuais fazerem covers das antigas, é onde os rockeiros gostam mais, mas as vezes acabam esquecendo das atuais, aí não vai pra frente”. A estudante ainda brinca que a culpa da queda da popularidade do rock é do cantor Roberto Carlos, pois o “rei” era considerado o Elvis Presley Brasileiro e sua mudança para o MPB e Pop fez com que o rock começasse a diminuir no Brasil.


“Acho que o rock não está morrendo porque não é somente um gênero musical, mas também uma ideologia de vida. O rock é cheio de crítica ao sistema, aos padrões sociais. Rock é história, como Scorpions tratou a guerra e Sex Pistols fez anarquia no Reino Unido”. – Laura Justino

Comments


Fale com a gente! Quer saber mais sobre o blog, sobre os posts ou sugerir algo? Mande um email que nós respondemos!

 

Email: musicaquatroestacoes@gmail.com

 

Siga a gente nas redes sociais e fique ligadinho nas nossas novidades! Você sabia que também estamos no Spotify? Confere lá!

 

  • Facebook - Círculo Branco
  • Instagram - White Circle
  • Twitter - Círculo Branco
  • LinkedIn - Círculo Branco

© 2021. Blog 4Estações

Layout: Túlio Daniel

bottom of page