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Rock e sua ausência na lista de músicas mais tocadas em 2017

  • Foto do escritor: Guilherme Amaral
    Guilherme Amaral
  • 23 de nov. de 2018
  • 4 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2019

Todo ano a empresa Crowley, que monitora as rádios de todo o Brasil, libera uma lista com as canções mais tocadas nas emissoras brasileiras e as bandas de Rock não chegaram nem ao top 100 no ano passado


Os gêneros do Rock fizeram grande sucesso mundialmente nos anos 60 e, nas décadas de 80 e 90, os brasileiros se apaixonaram pelas novas bandas nacionais que surgiram. Porém, com o passar dos anos, o espaço que o Rock havia conquistado no país foi sendo perdido para gêneros como o Pop e o Sertanejo Universitário. A indústria da música foi aprendendo como conquistar essa geração do novo milênio e cada vez mais duplas sertanejas começaram a fazer sucesso e menos bandas de Rock apareceram como destaque no mercado musical.


A visibilidade do Rock


Marco Maneira tem 48 anos, é professor de história e estuda o estilo musical através de bibliografias e documentários. Segundo ele, o Rock ainda tem uma grande visibilidade nos países de língua inglesa, enquanto nos outros, isso é relativo. “Em todos os países você vai ter os nichos de Rock’n’Roll. No Brasil, ele perdeu muito espaço por causa das novas mídias, das modas que surgiram. Mas mesmo assim, o país suporta festivais de grande porte, como é o caso do Rock in Rio, que no dia que é só de Rock, vende rapidamente todos os ingressos. Então eu ainda acho grande a visibilidade do gênero no Brasil”.


Abertura para novas bandas


Essa visibilidade, no entanto, não parece ser grande o suficiente para ser dada à bandas menores, que iniciam suas carreiras mas ficam longe do sucesso desejado. Os desafios parecem ser ainda maiores para elas. “Em um país onde o Rock perdeu muito espaço, é preciso muito tempo, dinheiro e disponibilidade. No Brasil, trabalhar com cultura é mais complicado. Conhecer pessoas, ter um manager que vá correr atrás de divulgar a banda, saber usar as mídias sociais também é extremamente necessário. Ter um hit no Youtube é o sonho de qualquer um. Se houve um tempo em que foi mais fácil crescer no mercado, foi na década de 80, quando o gênero explodiu no Brasil, com bandas de Brasília como Capital Inicial, Titans, Blitz, Barão Vermelho e posteriormente Cazuza”, comenta o Professor Marco.


Os Descordantes


Membros da banda Os Descordantes | Divulgação

A banda acreana Os Descordantes se juntou em 2010 e em 2013 gravou seu primeiro disco “Espera a chuva passar”, lançado em 2014. Em 2017, lançou mais um, “Quietude”. Apesar do sucesso relativo no seu estado, chegando a ter suas músicas em plataformas online como o Spotify, a banda perdeu um pouco da sua confiança de alcançar a fama nacional, como conta o vocalista, guitarrista e compositor Dito Bruzugú (Diego Torres), de 28 anos:


“A gente já pensou muito em crescer, em querer fazer um barulho nacional, porém, hoje em dia essa ideia já não tá mais na nossa cabeça. A gente vê como o mercado funciona hoje, milhares de bandas incríveis sem espaço, acabando, morrendo, com vários gênios da música brasileira fazendo voz e violão por 3 horas em restaurantes por 200 reais. O mercado da música brasileira não está voltado pra nós. Hoje os maiores expoentes da "nossa música" (do estilo que a gente se encaixa) é o Nando Reis, Skank ou J Quest. Compara a agenda de shows desses caras com a de artistas de funk e sertanejo, e você vai ver que não tem sido a preferência.


Nosso plano e objetivo maior é continuar produzindo material, fazendo por amor e tentando chamar a atenção do máximo de pessoas possíveis até onde nossas pernas conseguirem atingir. Continuaremos fazendo material e divulgando na internet, fazendo shows pela região, até o dia em que a gente achar que já deu, e voltar a ser médico (Heriko), jornalista (eu e George) e dono de canil (Saulo).


O fato de ser uma banda de rock dificulta no dia de hoje sim. O fato de ser uma banda de rock no ACRE, há 3mil km dos grandes centros, torna isso uma utopia”.


O amor pela prática


O que motiva a maioria das bandas a começarem a se apresentar não é a visão de sucesso no mercado, e sim o sentimento envolvido em cada composição, em cada show. Alessandro é guitarrista da banda Pubic Hair Inc, de Araxá (MG), e comenta um pouco sobre sua experiencia como artista em grupos de menor fama.


“Bom, sucesso nunca foi uma coisa que almejei. Sempre participei de bandas amadoras e que nunca ganhou dinheiro fazendo música. Sempre tratei minha participação em bandas como hobbie pelo fato de gostar muito de música, sem a intenção de levar para o lado profissional porque também nunca me classifiquei como guitarrista pra isso.

Na minha primeira banda fizemos música própria e gravamos um álbum que foi até bem aceito e depois ainda fizemos mais músicas, porém acabou que o projeto não prosseguiu devido aos rumos que cada um da banda tomou na vida. Fizemos vários shows pelas cidades vizinhas como Uberaba, Uberlândia, Araguari, Franca, Itaúna, São João Del Rei, Ribeirão Preto e outras além de sempre tocar nos eventos de Araxá. Esta banda, de nome Symbollic, ainda se reúne muito de vez em quando, mais pela amizade que ainda perpetua, pra lembrar os velhos tempos e reunir os amigos.


As dificuldades sempre existiram desde o começo, como por exemplo, conseguir comprar equipamento melhor (um amplificador, pedais, guitarra). Naquela época eram caros e de difícil acesso, pois não tinha nem internet. Hoje consigo comprar on-line qualquer coisa, desde um amplificador valvulado a parafusos para a guitarra. Não tínhamos as facilidades da informática de hoje para treinar músicas. Tínhamos que ouvir direto do disco ou fita e fazer de ouvido. Também era mais complicado formar uma banda porque eram poucas as pessoas que tinham interesse em tocar, considerando estamos em cidade do interior. Hoje já é bem mais fácil porque o interesse pelo assunto cresceu gradativamente com os anos.


Estive um tempo parado e atualmente toco em uma banda de música cover de bandas que os integrantes gostam como Metallica, Megadeth, Iron Maiden, Judas Priest etc, e que já fez alguns shows em cidades vizinhas, mas que por enquanto atua mais em Araxá mesmo. Tivemos uma mudança de integrantes recentemente que melhorou bastante o som da banda, o que nos possibilitará talvez criar músicas próprias e crescer”.


Apresentação da banda Pubic Hair Inc | Divulgação

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