top of page

Do Caipira ao Infiel

  • Foto do escritor: Betina Scaramussa
    Betina Scaramussa
  • 5 de dez. de 2018
  • 15 min de leitura

Atualizado: 29 de jul. de 2019


A música Sertaneja vem se tornando o principal gênero reproduzido no país. Do campo a cidades, as canções caem no gosto e no ouvido do público


Os dias três de maio, após 1964, nunca foram os mesmos. Isso porque naquele ano instaurou o dia do Sertanejo no Brasil. Com apoio dos violeiros, a comemoração acontece até os dias de hoje.


Os gêneros musicais buscam atender os mais diferentes estilos. O Sertanejo é um deles. As canções caipiras conquistaram o ouvido e coração de diversas épocas e a fase atual, do universitário, vêm conquistando por meio das melodias apaixonadas. Isso faz com que esse estilo permaneça de geração em geração. Atualmente, o estilo é o mais conhecido no país.


Iniciado em meados de 1910, o Sertanejo, sofreu diversas alterações e passou por várias fases, desde da música raiz até o feminejo. O começo era marcado pelas canções do campo e da vida rural, e agora foram mudados pela sofrência e os desamores. Desde das duplas raízes até os sucessos atuais, ele não perdeu seu espaço e foi se adaptando conforme a atenção e gosto dos fãs.


Originalmente brasileiro, o Sertanejo, vem tomando, cada vez mais, o topo das músicas mais tocadas no território nacional. Segundo a pesquisa, realizada em julho pela consultoria J.Leiva Cultura & Esport com a parceria do instituto DataFolha, o Sertanejo é o gênero mais popular. Lidera em 6 nas 12 cidades pesquisadas, são elas: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Manaus, Porto Alegre e São Paulo. A pesquisa ainda revela que a juventude, entre 12 e 25 anos, são os que mais consomem esse tipo de música.


A lista liberada no ano passado pelo Spotify, plataforma de streaming, revela as músicas, os artistas e álbuns mais ouvidos pelos brasileiros. Entre os 10 cantores mais escutados, 6 são do Sertanejo. São eles: Matheus & Kauan, Jorge & Mateus, Henrique & Juliano, Marília Mendonça, Maiara & Maraisa, Henrique & Diego. No que se refere as músicas, o estilo conseguiu três posições, entre as dez mais reproduzidas, estão na lista: Vidinha de Balada de Henrique & Juliano, Te Assumi Pro Brasil de Matheus & Kauan e Raspão de Henrique & Diego. Nos álbuns mais tocados, o gênero alcançou as cinco primeiras posições, com os trabalhos de Na Praia 2 (Matheus & Kauan), Como Sempre Feito Nunca (Jorge & Mateus), Realidade (Marília Mendonça), Marília Mendonça Ao Vivo e O Céu Explica Tudo (Henrique & Juliano).


A dupla de Palmeirópolis, interior do estado de Tocantins, gravam o seu novo DVD em São Paulo | Fonte: Divulgação

História


Muitos não sabem, mas a música Sertaneja começou com a literatura caipira. O poeta Cornélio Pires foi o responsável pela popularização desse estilo no Brasil. Ele fazia parte do grupo de escritores que cultivavam a vida no campo em prosas e versos. Em suas obras, tanto escrita quanto na composição musical, retratava a humildade, os costumes do interior, as conversas simples, os contos e casos da cidade.


No ano de 1912, o poeta lança o livro ‘‘Musa Caipira’’, com os versos relembrando o modo de vida sertanejo. O soneto ‘‘Ideal Caboclo’’ fez parte do livro, retratava os costumes rurais, nos seguintes versos: ‘‘E uma viola de harmonia/Pra chorá minha sódade/Um rancho na bêra d´água,/Vará de anzó, pôca mágoa,/Pinga boa e bão café…/Fumo forte de sobejo…/Pra compretá meu desejo,/Cavalo bão – e muié!’’.


Na Semana de Arte Moderna realizada ano de 1922, Mário de Andrade juntamente com o escritor Oswald de Andrade e o artista plástico Di Cavalcanti, foram os responsáveis por propor uma nova inspiração para arte nacional. O intuito do movimento era se basear nas vanguardas europeias, porém produzir algo brasileiro com a valorização da cultura nacional. Assim, dez anos depois do lançamento, o livro de Cornélio durante esse período fez enorme sucesso e inspirou os músicos a mesclarem o ritmos da viola caipira com o cururu, lundu e catira.


Anos mais tarde, o primeiro registro de uma dupla sertaneja foi com os irmãos Mariano e Rubens da Silva que gravaram uma canção de Cornélio. Em 1929, o poeta investiu e produziu o primeiro disco com as músicas sertanejas, em poucos dias, acabou devido a grande procura da população. No mesmo ano, o poeta também reúne a fundação Turma Caipira, que realizava vários espetáculos musicais.


Sertanejo Raiz


Em meados da década de 60, a população brasileira vivia majoritariamente no campo. De acordo com o censo de 2010, o período citado, o Brasil tinha cerca de 40 milhões de habitantes, sendo que 31 milhões viviam na zona rural. Naquela época a expectativa de vida era de 41 anos. Assim, a música era uma forma de entreter e representar as pessoas que viviam nessas áreas.


A fase inicial do sertanejo raiz é marcada pela linguagem do interior nas canções, a viola também faz parte das raízes caipiras. Os costumes do trabalhador no campo eram cantado pelas modas de viola, que geralmente, mostravam o dia a dia do rural. Logo, a popularização dessas músicas ficaram grandes e os cantores e duplas sertanejas começaram a se destacar por onde passavam.


Algumas canções contavam as narrativas de vida dos interioranos. As músicas fizeram tanto sucesso que, mesmo com o passar dos anos, não são esquecidas pelo público. Inezita Barroso, gravou Marvada Pinga, escrita por Ochelsis Laureano e Raul Torres, que ficou nacionalmente conhecida pelas interpretações das músicas caipiras. Ela também fez sucesso com Barbaridade, Vida Marvada, Lampião de Gás e Ronda.


Os irmãos Tonico e Tinoco foram uma das primeiras duplas caipiras a terem reconhecimento nacional. Eles escutavam as músicas de Cornélio, e devido as influências familiares, começaram a se apresentarem nos palcos. As composições mais famosas são Moreninha Linda, Pé do Ipê. Porém, foi com Chico Mineiro que alavancaram a carreira da dupla. A música narra uma tragédia com o amigo que leva o nome da composição, ele levou um tiro por um desconhecido. O dia do ocorrido e a importância da amizade são descritos nos versos da canção.


Mistagem


Depois da Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 a 1945, a música recebeu aspectos externos. Após se consolidar nos ouvidos dos brasileiros, o Sertanejo sofreu as influências de outros instrumentos e ritmos. A guitarra, o acordeon, os estilos, a polca paraguaia, canção ranchera, os ritmos moda campeira e o pagode, foram incrementados com o som da viola caipira. O primeiro chegou no país por um guitarrista argentino que se apresentava em um festival, ao lado de Caetano Veloso, cantando Alegria, Alegria, símbolo do Tropicalismo. O instrumento norte-americano passou a integrar não somente o Sertanejo, mas também o Rock Nacional. A primeira dupla a incrementar a guitarra foram a dupla Léo Canhoto & Robertinho.


Os novos instrumentos trouxeram uma nova fase na música caipira. Ela passou a retratar também os sentimentos, amores e histórias de vida. Aos poucos, as canções passaram a se envolverem nos aspectos tanto sociais quanto pessoais. Alguns artistas ficaram marcados por essa transição musical. Cascatinha & Inhana, Irmãs Galvão, Irmãs Castro e Tião Carreiro & Pardinho são alguns nomes que são lembrados desse período.

Uma das duplas mais reconhecidas e lembradas, até os dias de hoje, são Milionário e José Rico. Chamados de ‘‘As gargantas de ouro do Brasil’’ os cantores obtiveram mais de 39 milhões de discos vendidos e várias músicas que fizeram sucesso, por exemplo Estradas da Vida, A Carta, O último julgamento e a Dama de Vermelho. Eles são referências para os novos artistas que estão iniciando nessa carreira. As irmãs Lorena, 18 anos, e Rafaela, 17 anos, são uma delas.


A dupla possui 13 anos de carreira e 6 Cd’s gravados. Elas participaram de vários programas de rádio e televisão, inclusive o The Voice Kids. A música sertaneja é marca registrada das jovens cantoras, que também são denonimadas pelos fãs como as novas ‘‘Gargantas de Ouro’’.


—Isso é porque a gente canta muita música do Milionário e José Rico, e a marca deles são os Gargantas de Ouro. Não foi a gente que colocou, nós temos eles como ídolos e é um trabalho que merece muito respeito. É uma brincadeira que os nosso fãs fazem devido às músicas que nós cantamos deles.


Procurando mesclar entre as duas fases das canções caipiras, as músicas passaram a conter as modas raízes e o Sertanejo romântico. Com a ajuda da Jovem Guarda, as melodias e as batidas musicais buscavam retratar a fase da juventude. Almir Sater e Sérgio Reis também participaram dessa mudança.


Almir junto com também músico Renato Teixeira são os compositores de Tocando em Frente, gravada pela primeira vez por Maria Bethânia em 1990. A canção ganhou diversos prêmios nas vozes de vários cantores brasileiros. Além disso, também foi tema de diversas novelas e filmes nacionais.


Mesmo passar anos da tradição da viola e com a incorporação de outros estilos nas músicas sertanejas, Sérgio Reis surge como uma nova fase desse gênero. Apesar de ter iniciado na Jovem Guarda, toda a sua trajetória passou a ser do Sertanejo. Menino da Porteira e Panela Velha são exemplos dos seus sucessos.


Romantismo


Na América do Norte, o country iniciou na década de 20 na zona rural. O ritmo possui um vínculo com a terra e é resultado de uma mistura entre as influências africanas e americanas. No Brasil, o country chegou nos anos 70 e junto com o sentimentalismo das músicas estadunidenses puderam oferecer o novo passo do Sertanejo, o romantismo.


Nos anos de 1980 e 1990, essa música passou a invadir as rádios de todo o Brasil. Os encarregados disso eram os recentes cantores que passaram trazer a temática do amor. A melodia do romance envolvia as músicas, com histórias que mostravam as dificuldades vividos por um casal. Os cantos caipiras embalavam os afetos e desencadeavam as loucuras que o amor poderia realizar.


Nessa época, as novas vozes levaram a música sertaneja do campo as televisões. Os shows desse gênero antes eram realizados nos circos, nas rádios e em rodeios. Os programas de televisão abordavam tanto a música raiz quanto a romantizada. A primeira versão do programa Som do Brasil foi exibido entre 1981 e 1989 procurava mostrar a música caipira e os ritmos do interior do país. A emissora de TV Record mostrou no ano de 1997 o Especial Sertanejo que foi um programa com presença de Zezé di Camargo & Luciano. A dupla apresentou cerca de 50 minutos as suas canções.

Essa fase no romance sertanejo fez com que as duplas Chitãozinho & Xororó, Rick & Renner, Matogrosso & Mathias, Chico Rei & Paraná, João Mineiro & Marciano, Bruno & Marrone, João Paulo & Daniel, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, obtivessem o reconhecimento nacional. A cantora Roberta Miranda passou a ser a referência feminina musical nesse contexto. O Trio Parada Dura é um dos primeiros grupos a conseguirem sucesso nas paradas como conjunto. As músicas mais reproduzidas durante esses anos foram Fio de Cabelo, É o amor, Majestade, o Sabiá, Dormi na praça e Pense em mim.


Composto por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, Evidências, ficou nacionalmente conhecida nas vozes de Chitãozinho & Xororó. A música ultrapassou mais de 50 regravações e ultrapassou as fronteiras brasileiras. Na Copa do Mundo de 2018 realizada na Rússia, torcedores brasileiros foram flagrados cantando o ‘‘segundo hino nacional’’, como é denominada pelos fãs. O jornalista esportivo da ESPN Brasil, Gustavo Hofman, registrou o momento em que o grupo cantou em coro a canção. Em outro vídeo publicado nas redes sociais, os torcedores ao entrarem nos metrôs russos para irem aos estádios, cantavam a música como trilha sonora da viagem. Além de Evidências, a dupla também emplacou sucessos como Nuvem de Lágrimas e 60 Dias Apaixonado.


Chitãozinho & Xororó são homenageados no programa do Luciano Huck exibido na TV Globo | Fonte: OFuxico

As alegrias e tristezas da relação amorosa serviu de base para os sucessos. A paixão cantada no gênero não tinha hora e nem momento para acontecer. O amor não correspondido, assim como, o relacionamento do casal eram temas das principais composições musicais na fase romântica. A música Entre Tapas e Beijos, cantada por Leandro & Leonardo, possui mais de 20 anos de sucesso, e é exemplificação dos relacionamentos conturbados. Mesmo depois de tantos anos de sua gravação, a canção é tema de seriados e novelas das emissoras atuais.


Universitário


Desde do primeiro recenseamento, em 1872 até 1960, o país sofreu algumas mudanças populacionais e demográficas. A urbanização, a industrialização e a transformação dos hábitos socioeconômicos interferiram o ritmo do Sertanejo. A saída do homem do campo para se estabelecer nas cidades, ganhou o nome do êxodo rual. Os benefícios que eram propagados sobre a vida nos grandes centros levaram as famílias a quererem buscar o bem-estar nas cidades.


O censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante a Ditadura Militar, afirmava que o país era mais urbano do que rural. Cerca de 50 milhões de pessoas já viviam nas cidades, a região Sudeste tinha a maior contingente populacional nessa área. Em contrapartida, a Região Norte detinha o menor número de habitantes nesses locais. O país deixava de ser majoritariamente rural para adentrar no cenário industrial.


As cidades brasileiras passaram a receber também migrantes e, assim, o crescimento foi ainda maior. As mulheres também foram responsáveis por transformações. A taxa de fecundidade caiu devido ao acesso dos métodos contraceptivos, entre eles a pílula anticoncepcional, e à entrada no mercado de trabalho. Em 1940, a taxa de filhos era, em média, 6 filhos por mulher, agora passa a ser cerca de 2 a 3 filhos por casal. A expectativa de vida também aumentou, com os investimentos em saúde e saneamento básico, o país deixa de ter a média de 46 anos e passa a viver melhor. O desenvolvimento social brasileiro teve reflexos nas produções musicais. Além disso, o surgimento e propagação do Orkut, Facebook e Youtube ajudaram ainda mais na difusão do Sertanejo Universitário.


Inspirados nos novos parâmetros, o Sertanejo ganha uma nova versão. Com as músicas mais aceleradas e letras que traduziam a rotina das cidades, as canções passaram a se adequar aos hábitos que a sociedade desenvolvia.


A partir dos anos 2000, com a transformação nos setores sociais, como a educação, os filhos dos fazendeiros e agrônomos saíram para estudar nas cidades. Eles levavam a cultura raiz para o meio urbano e, aos poucos, conquistavam quem estivesse por perto. Os cantores passaram então a se apresentarem e juntar o caipira com o universo moderno que os estudantes viviam. Nas baladas e boates, os jovens iam de chapéu e bota o que atraia a atenção das pessoas.


Uma das primeiras duplas a terem destaque e mostrarem a nova versão do gênero foi João Bosco & Vinícius. Ambos universitários, eles aceleravam o ritmo de suas canções e juntavam com as batidas acústicas. Com grande aceitação pelos ouvintes e fãs dos cantores, a música Chora Me Liga, marcou o ciclo que iniciava no estilo caipira. Motivados com a repercussão positiva dessa fase, outras duplas aparecem e alcançaram renome nacional.


A dupla na gravação do seu DVD I Fonte: Rede Notícia ES



Os irmãos mineiros Victor & Léo donos dos clássicos Fada, Amigo Apaixonado, Tem que ser você, Borboletas, Deus e eu no Sertão, atingiram o topo três anos consecutivos (2007 a 2009) com as dez músicas mais tocadas no país. César Menotti & Fabiano lançaram Como um Anjo, Ciumenta e Leilão, e logo, também ocuparam o mesmo sucesso. Edson & Hudson com Quer namorar comigo?, Eu não sei dizer que não te amo e Fernando & Sorocaba com Paga Pau conseguiram as primeiras posições nas rádios. Maria Cecília & Rodolfo, Guilherme & Santiago, Hugo Pena & Gabriel são outros destaques nacionais.


A partir de 2010, a fase universitária tornou-se ainda mais forte no país. Empresários, produtores e gravadoras apostaram nesse estilo devido ao alcance nacional que possuía. Os investidores acreditaram na nova gestão do Sertanejo tendo em vista o grande retorno financeiro que ele propiciava. A repercussão que os novos nomes traziam reforçavam o desejo de continuar investindo nesse ramo musical. As canções, antes caipiras, passaram a terem outros responsáveis por trás de cada cantor. As agências e empresas especializadas nesse tipo de agenciamento ganharam força no mercado e, logo, se tornaram grandes empesas nacionais.


As características do campo não satisfaziam mais os desejos do público, que agora, passava a se identificarem com as letras de curtição, festas e relacionamentos. Os atuais versos procuram relacionar a vida pessoal com a balada sertaneja, conquistando o ouvintes com as batidas aceleradas. A sofrência é marca registrada das composições. O relacionamento afetivo que não obteve o resultado esperado é umas das principais temáticas abordadas. A mistura musical com outros ritmos ficou mais forte, tendo a presença do funk, axé, além do ‘‘arrocha’’.


Michel Teló com Fugidinha, Luan Santana com Meteoro, Gusttavo Lima com Balada, João Lucas & Marcelo com Louquinha e Munhoz & Mariano com Camaro Amarelo, foram alguns dos sucessos que marcaram a nova geração. A tendência da música raiz, com a tradição da viola caipira, parecia cair em meio ao crescimento universitário, contudo, duplas como Jads & Jadson, Rionegro & Solimões e Teodoro & Sampaio, mantiveram o interiorano em suas produções.


A quarta música mais tocada no Brasil em 2011, de acordo com levantamento feito pela empresa Crowley Brodcast, foi Ai Se Eu Te Pego de Michel Teló. A canção excedeu o país e ocupou o primeiro lugar do iTunes em três países da Europa. O cantor foi citado pela revista estadunidense Forbes, como uma revelação brasileira musical. A coreografia da música passou de comemoração de gols nos mais diversos jogos pelo mundo, dançarinos italianos a soldados israelenses.


Em 2005, surgia aqueles que seriam os maiores nomes do Sertanejo atual. Jorge & Mateus lançaram suas primeiras músicas, e depois de cinco anos, tiveram a segunda canção mais reproduzida do país. Também citados pela Forbes, a dupla é umas das personalidades mais influentes da Internet, e de acordo com a lista da Billboard, a dupla melhor colocada entre os músicos mais seguidos nas redes sociais. Se o Amor Tiver Lugar, Medida Certa e Contrato são algumas das canções que levaram a dupla a atingirem a marca de mais de 2,5 bilhões de visualizações em seu canal no Youtube.


Jorge & Mateus cantam seus sucessos pelo país inteiro | Fonte: Globo.com

Henrique & Juliano, Matheus & Kauan, Zé Neto & Cristiano, Diego & Victor Hugo, Humberto & Ronaldo, Thaeme & Thiago, Lucas Lucco, Israel e Rodolffo e Gustavo Mioto são os nomes que se destacam atualmente nas paradas musicais. Os artistas universitários vão atraindo, ainda mais o público, fazendo com que os cantores tenham na agenda em média 30 shows mensais em vários estados brasileiros.


A mulher no Sertanejo


A ocupação do público feminino em setores sociais antes preenchidos pelos homens transformaram também a música. A mulher representada no século passado como cuidadora da família e da casa, passou a ser protagonista de sua própria história. A representatividade que movimentos engajados na luta pelo espaço igualitário possibilitaram o novo cenário musical feminino. Atualmente, o fenômeno do feminejo vêm dominando o topo das músicas mais tocadas nas rádios e nos aplicativos de música.


Obtendo quase sempre um papel de desvalorização nas músicas antigas, as vozes femininas passaram a conquistarem os palcos que antes eram ocupados pelos homens. Desde de As Marcianas, passando por Roberta Miranda, As Mineirinhas, chegando a Paula Fernandes, o público feminino não atingiu tanto o alcance nacional quanto nos dias de hoje. Com o fortalecimento desse espaço, as mulheres passaram a se identificar com canções que revelassem não somente o papel dela, dentro de um relacionamento, por exemplo, mas também o que elas passavam na relação a dois.


As atuais cantoras sertanejas trazem em seus versos temas que antes que eram somente cantados pelos homens. A hegemonia masculina diminuiu, pois as mulheres começaram a cantar sobre ‘‘pegação, dar o troco, beber até cair’’, ir ao motel, traição e encerrar o casamento. As atenções das ouvintes passaram a serem ainda maior, porque perceberam que estavam sendo representadas pelas temáticas que antes eram restritas ao público masculino. A possibilidade em quebrar temas musicais que são referentes ao comportamento social deram uma contribuição na luta da igualdade de gênero no Brasil.


Marília Mendonça, Maiara & Maraisa, Simone & Simaria, Naiara Azevedo, Paula Mattos são alguns dos principais nomes do feminejo. Cantando sempre sobre amor, elas puderam oferecer a nova visão feminina sobre o Sertanejo. As protagonistas das canções são as mulheres, o que fazem elas alcançarem inúmeras fãs pelo país. As gravadoras musicais passaram a acreditarem e investirem mais nas cantoras, percebendo a força que elas conseguem.


Marília Mendonça lança a música ''Ciumeira'' gravada em Belém | Fonte: Mais Goiás


Infiel, Medo Bobo, Quando o Mel é Bom, Eu Sei De Cor e 50 Reais são alguns dos exemplos musicais que quando foram lançados rapidamente subiram para as paradas de sucesso. As novas cantoras do Sertanejo quebram recordes nas plataformas digitais. Marília Mendonça atingiu a marca de três bilhões de visualizações no Youtube se igualando a cantoras internacionais, como Ariana Grande, Adele e Taylor Swift.


A dupla mineira Flávia, 34 anos e Sarah, 31 anos, revela que as mulheres estão conquistando pouco a pouco o seu espaço no universo Sertanejo e consolidando a presença feminina em cima dos palcos. A dupla iniciou em 2016, quando gravaram um vídeo no Facebook, e os seguidores gostaram da ideia, e elas também buscavam outros projetos. Flávia possui 16 anos de carreira e Sarah canta desde dos 17 anos. Questionadas pela escolha do Sertanejo e as referências que elas possuem, a dupla conta que o desenvolvimento desse estilo foi o que chamou a atenção da dupla para escolherem esse gênero.


—Temos várias influências! Tanto sertanejas, como de outros estilos e também internacionais. Cada uma com as suas particularidades. Mas, no mercado atual a escolha foi o Sertanejo. Devido a ascensão a esse estilo no Brasil, principalmente para nós mulheres.


Flávia & Sarah são uma das revelações uberlandenses | Fonte: Divulgação


O assunto do preconceito contra as mulheres é comentado por Flávia. Ela diz que infelizmente, ainda existe enorme diferença no meio artístico e em outras áreas para as mulheres brasileiras.


Sarah afirma sobre o futuro da música Sertaneja.


—Não é de agora que o estilo tem mantido seu posto como um dos principais na mídia, em geral, graças as adaptações que fazem de acordo com a demanda do mercado musical. E creio que no futuro não será muito diferente do que é hoje. Só espero que não piore.


Novas promessas

O crescimento do Sertanejo é percebido nos mais diversos nomes que surgem. A região interiorana do país continua revelando as duplas sertanejas. Os estados de Goiás e Minas Gerais são os que mais aparecem cantores buscando o sucesso.


Os músicos mineiros Maria Paula, 23 anos e Alan, 26 anos, possuem nove meses de dupla. Os cantores dizem que as referências musicais deles são Tião Carreiro, Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó. Questionados sobre o que levaram a seguirem no Sertanejo, eles dizem que o estilo, gosto e a tradição familiar, principalmente na família de Allan, pois ele teve contato com fazenda, Folia de Reis e rodas de viola.


Maria Paula & Alan se apresentam em bares e festas em Uberlândia | Fonte: Facebook

 

‘‘O que faz esse estilo continuar, é a qualidade do conteúdo e a energia boa que ele proporciona, lembrando muitas vezes de histórias que passamos ou até mesmo dificuldades vencidas’’.

 

As diferenças entre a fase inicial e o atual momento do estilo musical também é comentado pela dupla.


—As músicas antigas são a maioria poema e histórias do passado, que realmente aconteceu e é contada através da melodia de instrumentos lindos, como a viola. As músicas de hoje perderam o respeito, pode se dizer é aproveitável, poucas tem letras bonitas.


A tendência é o que o Sertanejo continue se atualizando segundo o incremento com outros estilos. A essência universitária vêm se consolidando no mercado musical. Os novos artistas buscam se adequar a esse gênero. Os cantores solos também aparecem no mercado musical.


O cantor Igor Henrique Sebastiani, 25 anos, tem 12 anos de carreira. Pelas influências familiares, logo, começou no Sertanejo. Ele comenta sobre a mudança nas composições do Sertanejo.


—As músicas atuais estão mais sacadas, com pegadinhas, histórias reduzidas e objetivas. Para o mercado, quanto mais simples melhor. A música é mais entendida por todos.


As casas de shows são um dos locais que o músico Igor Sebáh se apresenta semanalmente| Fonte: Facebook

Em questão da permanência desse gênero no mercado, Igor volta a dizer sobre a rapidez e obviedade das letras. Ainda acrescenta, que a melodia sempre vai ser uma cópia de outras que atingiram o sucesso. O cantor fala também sobre a mistura do gênero com outros estilos. ‘‘O sertanejo está se modernizando e mesclando com outros gêneros, como o Pop’’, ele declara.

- Segue as redes sociais dos cantores citados na matéria:

https://pt-br.facebook.com/igorsebah.oficial/

https://pt-br.facebook.com/mariapaulaealan/ https://pt-br.facebook.com/lorenaerafaelaoficial/ https://pt-br.facebook.com/flaviaesarah/


Comments


Fale com a gente! Quer saber mais sobre o blog, sobre os posts ou sugerir algo? Mande um email que nós respondemos!

 

Email: musicaquatroestacoes@gmail.com

 

Siga a gente nas redes sociais e fique ligadinho nas nossas novidades! Você sabia que também estamos no Spotify? Confere lá!

 

  • Facebook - Círculo Branco
  • Instagram - White Circle
  • Twitter - Círculo Branco
  • LinkedIn - Círculo Branco

© 2021. Blog 4Estações

Layout: Túlio Daniel

bottom of page