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Fãs de Jorge e Mateus se noivam em show dos ídolos

  • Foto do escritor: Guilherme Amaral
    Guilherme Amaral
  • 28 de nov. de 2018
  • 9 min de leitura

Atualizado: 31 de jul. de 2019


O amor pela música sertaneja e pela dupla, fez o goiano se planejar para pedir a mão de sua namorada no show que aconteceu em São José do Rio Preto, na metade de 2017


Victor Alves, de 30 anos, é do interior do Goiás e cresceu escutando música sertaneja. Se apaixonou pela mudança do estilo quando surgiu o sertanejo universitário e sua adolescência ficou marcada com o sucesso de duplas como João Bosco e Vinícius, João Neto e Frederico. Mas a dupla Jorge e Mateus conquistou um lugar mais especial em Victor. “Eu via eles cantando nos barzinhos de Goiânia, acompanhei o crescimento deles”, ele conta.


Uma característica do sertanejo universitário é humanizar as músicas, falar de relacionamentos que não deram certo ou sentimentos amorosos muito fortes, para que várias pessoas se identifiquem e era exatamente isso que acontecia com Victor. Ele se assustava com as músicas de Jorge e Mateus, “sempre tinha uma para cada momento da minha vida. Parece que eles sempre lançavam uma falando de uma coisa que eu estava passando naquele exato momento”.


Victor já havia feito algumas loucuras para ver a dupla. Nos tempos de seminarista, ele pulou os muros da igreja e correu de cachorros para conseguir assistir a um show que não havia sido permitido de ver. Mas essa seria sua maior história, cheia de planos e cúmplices, movida pela vontade de estar junto de Ana Clara, sua amada, e fazê-la um pedido em frente aos ídolos que estiveram tão presentes em sua vida.


“Como eu era fã e ela era fã, eu vi que era digno eu organizar isso tudo para pedi-la em casamento no show do Jorge e Mateus. Nossa primeira música foi deles. Eu queria pedir a mão da pessoa que eu amo no show da dupla que eu amo”. Como na época isso não seria possível, pois não haviam shows agendados para a cidade que morava na época, Brasília (DF), Victor chegou a pensar em outras estratégias, “iam acontecer shows de outros artistas mas eu só conseguia imaginar isso acontecendo em um show do Jorge e Mateus. Então pesquisando eu descobri que teria um show em São José do Rio Preto”.


Por não poder viajar sozinho com sua namorada, o plano teria que envolver mais pessoas. “Chamei uma amiga que me ajudou a pensar e organizar tudo. Ela mentiu para minha namorada e inventou uma história de que iria precisar ir para São José do Rio Preto fazer uma prova de concurso. O que ajudou tudo a dar certo foi que a mãe dessa minha amiga ligou para minha namorada dizendo que só iria deixar ela ir se elas fossem juntas”.


Tudo estava indo de acordo com o plano. As duas pegaram o ônibus para a cidade e Victor, disfarçado, pegou o mesmo. Por sorte, ele não foi reconhecido. O hotel já havia sido reservado anteriormente enquanto planejavam tudo e Victor ficou hospedado no quarto ao lado do delas. Sua namorada ficou lá esperando enquanto a amiga fingia que fazia a prova. Depois de um tempo, a amiga retornou dizendo que havia passado e que queria comemorar indo ao show do Jorge e Mateus que aconteceria naquela cidade.


“Ela me ligou perguntando se não tinha problema de ir sem mim, eu disse que não. Mal sabia ela de que na abertura do show eu a encontraria para fazer o pedido”.


Victor e Ana Clara se noivando no show da dupla Jorge e Mateus | Divulgação


Outras histórias


O amor de um fã pelo seu ídolo pode passar por cima dos medos e proporcionar várias experiencias e emoções novas. Essa é uma conclusão que pode ser tomada a partir da história de Clarice Bernardes, de 22 anos, que saiu de Uberlândia (MG) para ir para Coromandel (MG) assistir ao primeiro show de seus cantores favoritos.


Assim como Victor, Clarice também é do interior, e isso a aproximou do sertanejo, pois segundo ela, eram essas as musicas que tocavam nas festas de “roça” da sua cidade, Abadia dos Dourados (MG). “Meu tio Antônio colocava no carro e eu ficava lá dançando com minha irmã. Me lembro que o pessoal achava graça e ficava lá olhando, e isso me fez crescer gostando mais do sertanejo”, conta Clarice.


Com a adolescência, surgiu o gosto pelo sertanejo universitário que crescia notavelmente na época. A dupla Jorge e Mateus, que teve grande importância na vida de Victor, também foi essencial na vida de Clarice, por apresentar o estilo para ela. Mas sua grande paixão foi e ainda é a dupla Henrique e Juliano.


“Conheci as músicas deles na rádio em Coromandel. Eu não sabia de quem era quando escutei pela primeira vez e não tinha celular com internet para procurar, então ficava cantarolando perto dos meus amigos e perguntando se alguém conhecia. Fiquei o ano de 2013 quase inteiro tentando descobrir. Até que um amigo me disse que quem cantava essas músicas eram Henrique e Juliano. Nesse dia eu peguei os minutos finais da minha aula de computação e baixei todas as músicas que tinha decorado”.


Quando ela entendeu quem era a dupla, ela passou a pesquisar tudo o que conseguia sobre eles, mesmo não sabendo quem era quem ainda. No lançamento do segundo DVD, Clarice se apaixonou. “Depois de conseguir uma cópia, eu escutei até arranhar. Eu comecei a gostar deles como pessoas, não só por serem artistas, não só pelas músicas serem boas”.


Em 2015, Clarice passou na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e se mudou para Uberlândia (MG), cidade onde a dupla que tanto amava fazia shows todo ano. Então o sonho de vê-los de perto poderia se tornar realidade facilmente. “Mas eu tinha medo de pagar caro em um ingresso para ver eles só de longe. Além disso, tinha medo de passar mal, desmaiar, porque eu tenho muita ansiedade e sou muito fã deles. Queria conseguir ir no camarim, virar amiga, porque admiro eles demais como as pessoas que eles são”.


“Eu esperei para criar coragem de ir a um show deles que fosse em uma cidade menor, porque só assim eu ia conseguir ficar perto do tanto que eu queria. Até que chegou em mim que a dupla faria show em Coromandel. Como eu já conhecia a cidade, fiquei louca, essa seria minha melhor chance. Fiquei uns três meses olhando todo dia a rádio esperando que eles confirmassem que iriam mesmo. Até que confirmaram. Agora eu só tinha que saber o dia, porque os shows pagos eram na quarta e no sábado, e quarta não ia ter como eu ir. Mas foi no sábado, então aquela era realmente a chance”.


Com uma amiga, Clarice comprou os ingressos e foi de vã até a cidade onde aconteceria o show. Chegou cedo e preparou seu lugar no portão para correr quando o mesmo abrir. Antes da abertura ela dizia para sua amiga, “pelo amor de Deus, eu não estou passando bem, mas se eu desmaiar, não me leva para o hospital, não é disso que eu preciso, eu preciso do Henrique”.


“Saímos correndo quando abriu o portão. Tudo deu errado nessa hora, perdi minha amiga, minha bolsa soltou, e naquela multidão eu não iria achar nada. Por sorte uma moça me chamou e me entregou a bolsa e minha amiga estava de rosa, bem chamativa, então não demorei muito para achá-la. Ficamos na frente, na grade, bem perto deles. Meu corpo inteiro tremia. Era a melhor sensação que eu já tinha sentido na vida”.


“Quando eles entravam no palco, eu chorei do início ao fim. Eu sempre falo que se você é cantor, você tem que dar o seu melhor em todo show, porque aquele pode ser o único show que alguém que é muito seu fã vai conseguir ver, e para mim, eles conseguiram, aquele foi o show perfeito”


Dupla sertaneja Jorge e Mateus | Divulgação

Uma oportunidade única


Outra história que envolve momentos especiais para fãs é a de Davi que, ao contrário dos outros apresentados até agora, tem apenas 4 anos de idade. Foi Eudes da Silva, pai de Davi, que decidiu ter a ideia de viajar para ver um show que ficaria marcado para sempre na vida de seu filho.


Mesmo sendo ainda tão pequeno, Davi já sabe cantar várias músicas de seu ídolo, Gusttavo Lima. Sua preferida é o sucesso Mundo de Ilusões, canta sem errar basicamente nenhuma palavra. Levar o filho ao show do cantor era a maior vontade dos pais.

A Exposição Agropecuária de Uberlândia Camaru acontece todo ano na cidade que leva o nome do festival. Nela, acontecem diversos shows de artistas e duplas sertanejas e, em 2018, Gusttavo Lima foi presença confirmada. Vendo essa oportunidade, Eudes, que mora em Araxá, cogitou que valeria a pena viajar por cento e setenta e sete quilômetros para surpreender seu filho.


A decisão do pai foi de manter segredo. Davi só sabia que iria assistir a um rodeio e a um show e mesmo perguntando ao pai de quem era, Eudes se recusava a responder. Mas quando chegaram lá e o rodeio começou, a surpresa foi revelada pelo locutor que anunciava os shows pelos alto-falantes. Quando ouviu o nome de seu ídolo, o pequeno fã já soube porque ele estava ali.


Eis que o show começa. Davi estava bem em frente ao palco e parecia não acreditar em ver o ídolo tão de perto. Foi aí que a surpresa ficou ainda maior. “Ele tava todo animado participando do show, cantando, balançando as mãozinhas e isso chamou a atenção do Gusttavo Lima que acabou chamando ele para subir no palco”, diz o pai.


O pequeno Davi foi pego no colo pelo artista que decidiu cantar sua música de maior sucesso junto a ele. “Lembro que o Gusttavo ficou impressionado que o meu filho sabia cantar a música inteira”, conta Eudes. Mesmo em frente à aquela enorme multidão, a criança não sentiu medo e soltou a voz, encantando a todos que acompanhavam o show.

“Depois disso, Gusttavo chamou a minha esposa para subir no palco também e, junto a ela e meu filho, me agradeceu por ter levado a família para assistir ao seu show. Ele não tinha entendido que era eu que deveria estar agradecendo ele por ter dado essa oportunidade tão grande ao meu filho ainda tão pequeno”.


E para ter certeza de que aquele momento foi especial, o próprio Davi se propôs a explicar um pouco do que ele havia passado: “O Gusttavo Lima me chamou e eu cantei com ele. Eu gostei”.


Eduardo Costa e seus relatos


Em um vídeo promocional produzido pela Sony Music para promover sua música Pronto, Falei, o cantor Eduardo Costa contou algumas de suas histórias com fãs, de forma animada e descontraída. Por ser bem querido e levar com tranquilidade os atos e loucuras dos fãs, o cantor acaba passando por momentos que alguns outros nunca imaginariam passar.


A primeira história é de uma moça que não tinha conseguido tirar uma foto com Eduardo e decidiu fazer de tudo para conseguir o que queria. “Tinha feito o show e já tinha atendido as pessoas. Na hora de ir embora, saí de van e naquele tumulto de gente que ficavam batendo na van, gritando. E essa moça não conseguia chegar perto para tirar uma foto, então o que ela fez, ela entrou de baixo da roda da van e ficou deitada lá. Ninguém conseguia tirar ela de lá, então eu mandei pegarem ela e trazerem para dentro da van. Lá eu tirei a foto, dei beijo, dei CD, dei toalha. Depois foi difícil de tirar ela do carro, mas deu tudo certo no final”.


A segunda história que Eduardo conta é de uma outra mulher que conseguiu subir no teto do palco pelo canto e assistiu ao show lá de cima, e nenhum segurança conseguiu pegar ela. Do telhado, ela conseguia colocar apenas a cabeça para fora para assistir o cantor, que cantava olhando para ela lá em cima.


Por último, ele conta de uma vez na cidade de Americana (SP). “Eu acordei com duas mulheres deitando na minha cama. Fazia uns trinta minutos que eu tinha dormido e elas chegaram e pularam, então foi um susto quando elas entraram. Eu não sei como elas conseguiram a chave do meu quarto. No final, deixei elas aproveitarem um pouco e deu tudo certo”.


A importância da relação

Nota-se que um ídolo pode trazer muitas experiências e emoções para um fã e o mesmo acontece do outro lado. É como se um precisasse do outro. Um artista precisa de fãs para lucrar, são eles que compram os CDs e vão aos shows, mas é mais do que só isso. O fã faz o artista se sentir bem, perceber que há alguém que realmente admira seu trabalho. É isso que disse o cantor Luan Santana, em um bate-papo no Uol em 2010, quando foi perguntado sobre o que é cantar para milhares de pessoas:


“Não dá pra explicar, acho que é uma sensação enorme e maravilhosa. A gente subir em um palco e cantar para tanta gente uma música que a gente mesmo escreveu e ouvir a multidão cantando junto é maravilhoso! É muito bom fazer um trabalho que é reconhecido. Quero agradecer a galera que manda recado dizendo que gosta do meu trabalho!"


A psicóloga clínica Celise Costa conta que admirar é uma ação natural do ser humano e que nossos primeiros exemplos são nossos pais. Conforme a pessoa cresce, ela se identifica com músicos que cantam sobre algo que faz parte da vida dela e isso é um dos motivos para ela virar fã. Essa necessidade da relação entre o ídolo e o fã fica mais clara nesta outra pergunta que fizeram ao Luan naquele mesmo bate-papo, perguntando se alguma vez ele já pensou em desistir:


“Então, já senti vontade de desistir sim, duas vezes. A primeira vez foi quando cheguei num show em Maringá e só tinha 30 pessoas para assistir, isso foi há um ano e meio, dois anos. Levamos a banda inteira, o equipamento inteiro, e achamos muito estranho ter só trinta pessoas. Pensamos em fazer o show ou ir embora, então fiz um show sim, meio que de barzinho, pertinho da plateia”.


Mariana Guimarães deu em 2013, para o jornal Extra, uma definição do que seria ser fã: “é escutar as críticas todos os dias, ouvir milhares de vezes frases do tipo: “ele(a) nem sabe que você existe”. Pessoas que não sabem nada de você e se acham no direito de te julgar por você amar o seu ídolo. É poder defendê-lo, mesmo não tendo mais forças. E, junto com as dificuldades, continuar com a cabeça erguida. Ser fã é amar sem querer nada em troca. E, sim, recebemos muita coisa boa em troca: conhecemos pessoas maravilhosas, ouvimos nossos ídolos falarem “Eu amo vocês” e ,acima de tudo, aprendemos a acreditar mais nos nossos sonhos”.

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