Leandro: 20 anos de Saudade
- Túlio Daniel
- 6 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de jul. de 2019
De plantador de tomates e engraxate à cantor e compositor, Leandro, que fez dupla com seu irmão Leonardo, ganhou o Brasil nos anos 90 com a música sertaneja moderna. Após sua morte que comoveu o país, seu irmão continuou a carreira e ainda faz sucesso com as músicas da dupla, sempre o homenageando e sendo lembrado pelos milhares de fãs que ainda sentem a perda, principalmente em 2018, que se completa 20 anos do falecimento do cantor.

Luís José da Costa, mais conhecido como Leandro, nasceu em 15 de agosto de 1961 em Goianópolis, interior de Goiás e ficou famoso por compor dupla com seu irmão Leonardo (Emival Eterno da Costa). Antes de ingressar no mundo da música sertaneja, o cantor foi vocalista da banda Os Dominantes, que fazia covers de Beatles e Roberto Carlos.
Como muitos cantores do sertanejo, a dupla Leandro e Leonardo iniciou-se na década de 1980, cantando em bares e pequenos eventos de Goianópolis e outras cidades do interior de Goiás. A bela voz dos cantores chegou aos ouvidos dos produtores da gravadora Continental, que se impressionaram com a música Entre Tapas e Beijos e em 1983 lançaram comercialmente os irmãos, que por terem nomes diferentes optaram por adotar os nomes inspirados em amigos gêmeos da dupla.
Os cantores fizeram grande sucesso e encantaram o público pouco a pouco, estourando justamente com a música que os emplacaram na carreira, Entre Tapas e Beijos, que foi lançada no terceiro álbum de estúdio da dupla, que na época (1989) vendeu mais de 1.300.000 cópias. Juntos, lançaram 13 álbuns que totalizam 167 canções ao todo, tendo como destaque Hoje Acordei Chorando, Contradições, É Por Você Que Canto, versão de Sound Of Silence, Pense em Mim, Desculpe mas eu vou Chorar, Índia e Chuva de Lágrimas com Leandro na primeira voz. O sucesso era tão grande, que os irmãos fizeram um show particular para o então presidente Fernando Collor de Mello e fizeram parte dos apresentadores do programa Amigos, exibido entre 1995 a 1998 juntamente com Chitãozinho e Xororó e Zezé di Camargo e Luciano.

A pescaria, o baralho e a música sertaneja eram as três coisas preferidas de Leandro, e foi justamente durante uma pescaria em uma de suas fazendas no Tocantins, em abril de 1998, que o cantor sentiu fortes dores no peitoral e nas costas. Em 21 de abril daquele ano, o cantor foi encontrado desmaiado num sítio próximo à São Paulo, e após uma radiografia do tórax foi divulgado em uma coletiva que o cantor tinha uma mancha preta sobre pulmão direito, do tamanho de uma laranja, que pouco tempo depois foi diagnosticada como um tumor maligno, sofrendo de um raríssimo câncer conhecido como tumor de Askin. Depois de duas cirurgias e entrar no terceiro estágio de tratamento da quimioterapia, o tumor ficou fora de controle, afetando o coração, artérias, veias e brônquios. Sua última aparição pública foi em 8 de junho, na varanda do seu apartamento, enrolado na bandeira do Brasil que estreava na Copa do Mundo e já sem os cabelos por causa do tratamento da doença.

Em 23 de junho de 1998, o cantor deu adeus à família e aos fãs, internado no hospital São Luiz, sendo sua morte causada por falência múltipla dos órgãos. Querido pelos fãs, uma comoção nacional aconteceu Brasil a fora. Durante o velamento do seu corpo, cerca de 16.000 pessoas acompanharam os familiares, além de políticos como Eduardo Suplicy, Celso Pitta, e os artistas Hebe Camargo, Ratinho, Angélica, Chitãozinho e Xororó e Zezé di Camargo e Luciano. O seu corpo foi sepultado em Goiânia com um cortejo de aproximadamente 150.000 pessoas que acompanhavam o caixão. Maurício Lencini, criador da fã page Leandro e Leonardo – Saudades no Instagram, conta que na época as pessoas tinham poucas informações sobre o que era um câncer, qual tipo e o que ele causaria ao cantor, o levando a pensar que era uma doença curável e que logo Leandro estaria nos palcos novamente. “Muitos fãs acham que foi injusto o que aconteceu com ele, em vivenciar uma perda precoce, sendo que um ano antes da morte de Leandro, o povo brasileiro sofreu com a morte do cantor João Paulo [que fazia dupla com o cantor Daniel]”, diz Maurício.
Seu irmão Leonardo continuou a carreira, mesmo ainda abatido nunca perdeu o jeito brincalhão e extrovertido de se apresentar nos palcos. Ainda segundo Lencini, Leandro era o mentor de Leonardo, e após sua perda, teve que encarar um mundo completamente diferente. “Eu vejo que a maioria das músicas novas de Leonardo traz a mesma ‘alma’ de quando tinham a dupla, sinto que ele jamais superou a morte do irmão”.
Como forma de homenagem a Leandro, sua mãe criou a Casa de Apoio São Luiz, que se situa em Aparecida de Goiânia. A Casa é uma instituição de apoio e suporte aos portadores de câncer durante o processo de tratamento. Além disso, a prefeitura de São Paulo nomeou uma via com seu nome, a Avenida Luiz José da Costa – Leandro.
20 anos após a morte de seu pai, nessa segunda (05), Thiago Costa, filho mais velho do cantor, postou em sua rede social uma foto com o músico falando de sua saudade e referenciando uma música da dupla que transmite o mesmo sentimento que os fãs têm duas décadas após a morte de Leandro.
“Me deu uma saudade que até dói. Te amo pai, onde quer que esteja, nunca vou aprender dizer adeus!”
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