Mitski: conheça a história da artista e o novo álbum de amor e angústia

Cantora retoma elementos marcantes de seu trabalho ao mesmo tempo que inova com lançamento

por Gabriela Goulart e Isabela Gadia

Mitski Miyawaki é uma cantora, compositora e musicista nipo-americana e, embora tenha nascido no Japão, sua infância foi nômade devido ao trabalho de seu pai para o governo dos Estados Unidos. A artista cresceu mudando de país para país, o que acabou se tornando objeto de composições musicais. Através da música, encontrou um espaço de conforto, participando de corais e shows de talentos e, em suas composições, um espaço de honestidade e expressão.

Seus dois primeiros álbuns, Lush (2012) e Retired from Sad, New Career in Business (2013), foram produzidos e lançados enquanto ainda estudava no Conservatório de Música da Purchase College. Desde o início de sua carreira, Mitski já apresentava uma série de características distintivas que continuaram a evoluir ao longo de sua trajetória. Sua voz única combinada com letras emblemáticas, frequentemente exploram temas como autoconhecimento, pertencimento e vulnerabilidade. Paralelas às melodias que envolvem o ouvinte em uma atmosfera melancólica, as letras tornaram-se uma marca registrada. Com mais de uma década de carreira profissional, Mitski impressiona com produções musicais e visuais carregadas de simbolismo.

Em fevereiro de 2022, a cantora lançou seu sexto álbum de estúdio, Laurel Hell, três anos após ter anunciado uma despedida de sua carreira musical devido a um encerramento de contrato e cansaço físico e mental, resultados de anos seguidos em turnê com sua relação conturbada com a indústria da música. O lançamento do single e videoclipe de Bug Like an Angel quebrou seu hiato no dia 26 de junho, criando expectativas para um possível novo álbum. Na quinta-feira (15/09), The Land Is Inhospitable and So Are We foi apresentado como sua nova produção, com 11 faixas, dois videoclipes e Behind The Scenes, uma coletânea de vídeos onde a cantora explica sobre a criação das obras de forma intimista.

Ensaio intimista com a cantora para o lançamento transparece a atmosfera do álbum | Foto: Ebru Yildiz

Com a primeira faixa do álbum, Mitski constrói uma atmosfera melancólica ao abordar o uso de álcool, confessando o quão familiar uma bebida pode ser. A música inicia com uma aparente calmaria que se desmancha ao ouvirmos o coral cantar após o primeiro verso, quase como um jumpscare. Somente com uma palavra: família, a cantora e a orquestra exalam a essência da música: vícios resultados de ciclos.

Esta ambientação é persistente durante todo o álbum. Além da melancolia, a cantora explora de forma única temas universais como amor, solidão e angústia, como, por exemplo, se entregar para a certeza de que o amor é a única coisa que possui verdadeiramente, em My Love Mine All Mine; o cenário pós-apocalíptico que se encontra em The Frost, que a deixa esquecida sem um melhor amigo ou testemunhas; e também implorar para que levem sua alma ou comer um bolo inteiro em uma noite Natal e vomitar depois, em I Don’t Like My Mind.

A narrativa construída em suas faixas é uma característica marcante de seu trabalho. Em The Land…, esse fator, misturado com a sonoridade composta pela orquestra e elementos não-convencionais (latidos de cachorro e sons de ambiente), fazem com que o sétimo álbum seja um ponto alto em sua obra.

Mitski nos atravessa com aflição e melancolia, mas deixa espaço para um amor que ecoa no céu, junto à uma aceitação e esperança.

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