[Opinião] Relembre os principais álbuns brasileiros de 2023
- Josias Ribeiro
- 31 de dez. de 2023
- 6 min de leitura
Apesar de perder forças ao decorrer do tempo, principalmente com artistas optando por lançar singles e EPs, os álbuns ainda resistem e 2023 entregou grandes trabalhos.
A música pop nacional vem em uma crescente animadora desde a metade da década passada, revelando grandes nomes como Iza, Jão e Luísa Sonza, além dos já conhecidos Anitta, Ludmilla e Pabllo Vittar. Além destes artistas, esta década também tem revelado grandes nomes, como Marina Sena, Carol Biazin e Juliette, que tiveram seus trabalhos bastante comentados nas mídias digitais.
Confira o ‘Top 10 álbuns nacionais 2023’
10. Futuro Fluxo
De todos os álbuns da lista, este é, sem dúvidas, o pior lançado este ano. Após o estrondoso e aclamado Lady Leste, Gloria Groove deu início à sua nova era, Futuro Fluxo, que, desde os primeiros teasers disponibilizados pela artista, já era motivo de críticas. Uma das canções, que continuou incluída no álbum, mas com nova versão, foi Modo Xuxa, que foi tida por muitas como uma canção inapropriada.
Apesar de ter muitas músicas descartáveis, o destaque deste trabalho vai para Ao som do Tuim e Proibidona, com participação de Anitta e Valesca Popozuda.
9. Reversa
Carol Biazin é um dos nomes da música pop brasileira que ainda não é conhecida por parte do grande público, mas Reversa é a prova de que a cantora já está preparada para ganhar o país.
O álbum é inteiramente pop e passeia por uma história de amor cantada em três atos: início, meio e fim, mas ao contrário. O disco é atrativo, sexy e conta com uma versão remix que conta com a participação de Baco Exu do Blues na canção Ligações de Alma.
Carol ganhou destaque após participar da primeira temporada do The Voice Brasil, em 2012. Além de Reversa, ela tem inúmeras músicas que mereciam mais reconhecimento, como Tentação, que conta com a participação de Luísa Sonza.
8. Lia Clark: The Abum
Conhecida majoritariamente pelo público LGBTQIAP+, Lia Clark é uma das drag queens mais famosas e ouvidas do Brasil e lançou este ano seu quarto álbum de estúdio, Lia Clark: The Album, que sucede o bem-sucedido EP Lia (pt1).
Sem abandonar suas raízes no funk, Lia entrega um álbum recheado de músicas dançantes e com parcerias incríveis. Inclusive, é preciso reconhecer e enaltecer uma artista de funk que ainda acredita na importância de um álbum de estúdio, já que é um recurso pouco utilizado no gênero. Além de Pabllo Vittar no hit Sereia, o disco ainda conta com Tati Quebra Barraco, Pocah, Valesca Popozuda e Mc Naninha.
O álbum é o primeiro trabalho dirigido totalmente pela artista
7. Vilã
Sou Má, parceria com Tasha & Trace, foi a música responsável por dar início oficial à era Vilã de Ludmilla, e talvez seja essa a pior escolha da era. Tendo o pior desempenho de Ludmilla na estreia de disco, o quinto álbum de estúdio da cantora acabou sendo injustiçado por escolhas erradas da equipe.
Apesar de não ter sido aclamado como outros da lista, Vilã é um trabalho consistente e que merecia mais reconhecimento por parte do público.
Embora tenha sido lançada no final de 2021, Socadona, smash hit de Ludmilla, está na setlist do álbum junto de Brigas Demais, Sintomas de Prazer e 5 Contra 1. Estas seriam uma escolha melhor para representar a verdadeira sonoridade do disco, que, apesar de ter canções com base no trap, é muito mais ancorado no R&B e funk carioca.
Mesmo em meio a críticas, Vilã rendeu à cantora indicações em várias premiações, como o Prêmio Multishow e BET Awards.
6. SUPER
Encerrando um ciclo importante na carreira de Jão, SUPER foi lançado e apresentou um Jão melancólico, intenso e sensual. Dominado pelos gêneros pop e pop/rock, o disco sucede o bem-sucedido álbum Pirata, tendo apenas um single de trabalho, Me Lambe.
Em entrevistas, Jão explicou que o projeto encerra uma série de quatro álbuns guiados pelos quatro elementos - terra (Lobos, 2018), ar (Anti-Herói, 2019), água (Pirata, 2021) e fogo (SUPER).
Mostrando-se um sucesso de público com o sold-out dos shows da turnê do disco, com datas esgotadas até mesmo em estádios, SUPER consagrou Jão como um dos grandes nomes do pop nacional.
Analisando a discografia do cantor e elencando os álbuns em ordem do melhor ao pior, vejo SUPER como o mais fraco do artista. Apesar de vê-lo mais maduro nesse projeto, os outros álbuns tinham um diferencial que ainda não foi possível identificar neste.
5. AFRODHIT
Conhecida por sua presença marcante no cenário musical brasileiro, misturando diversos estilos como pop, R&B e MPB, Iza lançou este ano, após diversos adiamentos, seu segundo álbum de estúdio, AFRODHIT.
Dominado por músicas R&B, AFRODHIT faz Iza passear por afrobeats, pop e trap ao longo das 13 faixas. O álbum, que estreou no Top 3 da parada global do Spotify, tem colaborações de Djonga, L7nnon, Mc Carol, King, Russo Passapusso e Tiwa Savage.
AFRODHIT foi produzido em um período curto, pois o álbum que deveria ser lançado em fevereiro deste ano foi descartado por Iza. É possível que esse descarte tenha acontecido devido à participação de seu ex-marido na produção geral do álbum.
Apesar de entregar muito talento e voz, AFRODHIT está longe de ser um álbum tão encantador quanto Dona De Mim, primeiro álbum de estúdio de Iza, que contou com hits como Pesadão, Ginga e Dona de Mim. É possível perceber que este não foi pensado para ter grandes hits, mas ainda assim as músicas são fracas, tendo em vista o que já recebemos de Iza e os 5 anos de produção que levou desde o primeiro álbum.
Uma pena que o álbum original tenha sido descartado, pois Gueto e Sem Filtro serviram para dar uma prévia do material que iríamos receber.
4. Ciclone
O álbum de estreia de Juliette, Ciclone, é a prova final de que a cantora finalmente encontrou sua sonoridade e gênero. Tendo o pop como base, o disco passeia por gêneros como piseiro, trap, afrobeat e R&B.
O trabalho conta com participações de Marina Sena, João Gomes, Dilsinho e Nairo. Entre as conquistas, Juliette emplacou três canções no top 50 do Spotify Brasil: Sai da Frente, Diamante e Tengo. Esta última atingiu o topo da parada no Brasil e Portugal.
O disco é leve e reflete a personalidade da cantora. Para um primeiro trabalho, é um grande acerto.
3. Noitada/ AFTER
Noitada é o quinto álbum de estúdio de Pabllo Vittar e apesar de não ter sido um grande sucesso como os antecessores, é um material consistente do início ao fim e que não foge do conceito abordado.
Após o sucesso de crítica e público do Batidão Tropical, Pabllo Vittar apresentou ao público seu álbum mais experimental até o momento. Apesar de dividir opiniões, o Noitada mostrou que PV teve a coragem e audácia de mudar de ambiente ao trabalhar com baladas eletrônicas.
De modo geral, o AFTER, álbum com remixes oficiais das faixas do Noitada, se saiu melhor na questão conceitual do que a versão original. Ele trabalha as músicas com bases eletrônicas sem medo algum e coloca o material original no lugar que ele sempre deveria estar.
Faixas de destaque: Ameianoite (feat Gloria Groove), Descontrolada (Remix), Calma Amiga (Remix), Penetra e After.
2. Escândalo Íntimo
Escândalo Íntimo é o terceiro álbum de estúdio de Luísa Sonza e o nome faz jus ao processo de produção e execução do trabalho, pois realmente é um escândalo. Composto por 24 faixas, cinco foram bloqueadas no lançamento, Luísa trabalhou em um material sustentado pelo pop. Apesar de envolver outros gêneros na produção, o gênero é a base para todas as faixas.
Campo de Morango foi o primeiro single trabalhado, com lançamento em 15 de agosto. Ao ouvir o Escândalo Íntimo, fica claro que essa é aquela canção que não acrescenta na narrativa do álbum e só faz parte do trabalho final por se tratar de um produto mais forte para ser trabalhado comercialmente e foi o que aconteceu: a música trouxe polêmica e ouvintes. Apesar disso, ainda é uma faixa descartável que não se encaixa com o resto do material apresentado.
Luísa Sonza trabalhou na produção e composição do disco e descreveu o álbum como um conjunto de histórias de amor que deram errado, sobretudo, a dela consigo mesma.
Com faixas marcantes como Surreal, em parceria com o rapper Baco Exu do Blues, Chico, Principalmente me sinto arrasada e Iguaria, Luísa bateu o recorde no Spotify Brasil de álbum mais reproduzido nas primeiras 24 horas, com 8.5 milhões de reproduções.
1. Vício Inerente
Apesar de 2023 ter tido grandes lançamentos, Vício Inerente consegue se destacar em todos os sentidos: estética, sonoridade, tracklist e produção. O segundo álbum de estúdio da mineira Marina Sena contém 12 faixas com composição e produção da cantora em parceria com Iuti Rio Branco, o mesmo do De Primeira, primeiro disco da cantora.
Vício Inerente tem predominância dos gêneros pop, trap e R&B, mantendo as influências da MPB que a cantora carrega. Além disso, passeia por batidas experimentais, funk e drill. O trabalho possui, até o momento, quatro singles: Tudo Pra Amar Você, Olho no Gato, Que Tal e Dano Sarrada, que possui uma versão remix com o cantor Japãozin.
De Primeira foi eleito um dos melhores álbuns da década, venceu o Prêmio Multishow da Música Brasileira e foi indicado ao Grammy Latino. Vício Inerente não fica para trás. Marina Sena vem acertando nos seus projetos, comprovado pela aclamação do público e da crítica. O disco também foi indicado ao Prêmio Multishow, além do WME Awards e Gold Derby Music Awards, na categoria de “Melhor álbum latino”.
Marina Sena define o álbum como uma narrativa ao seu estilo: “Muita sensualidade, movimento, tensão sexual, um casting só com gente linda, e eu sendo gostosa e curtindo a vida, do jeito que eu gosto”.
As opiniões expressas pelos autores pertencem a eles e não refletem necessariamente a opinião do 4Estações.
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