Machismo ou entretenimento? A rivalidade feminina na indústria musical

A recente briga entre Ludmilla e Anitta desperta uma discussão necessária sobre a influência do patriarcado no meio musical

por Juan Lisboa

Desde a infância, meninas são ensinadas a competir por atenção. Criou-se um mito de que as mulheres são rivais, e que essa condição é inerente ao espectro feminino. O sistema patriarcal entendeu que o antagonismo entre as mulheres é mecanismo mais eficaz para manter a supremacia masculina, sobretudo na arte.

Seja no Brasil ou Estados Unidos, a indústria musical é marcada por grande nomes femininos que marcaram suas gerações. O que também não se diferencia em ambos os cenários, é a competição feminina, que apesar do tempo, sempre esteve presente, e na maioria dos casos, é abertamente fomentada pelos fãs.

Anitta e Ludmilla

As donas dos hits Favela chegou e Onda diferente possuem um longo histórico de atritos. Mas o rompimento oficial da amizade entre as duas veio logo após Lud publicar uma carta aberta em sua conta no Instagram expondo possíveis mentiras e incoerências de sua ex-amiga. E o "expose"’ não parou por aí, Ludmilla aproveitou a visibilidade gerada pela briga para divulgar o clipe de sua música Cobra Venenosa, que segundo ela, não foi feita para Anitta, apesar do clipe contar com a participação de uma sósia da cantora.

Ludmilla lança clipe com aparição de sósia de Anitta | Foto: Reprodução: Extra/Globo

Em entrevista para a revista Vogue, Ludmilla nega rivalidade feminina e afirma que a música na verdade fala sobre a união entre as mulheres. "Eu acho que a gente tem que repensar o conceito de rivalidade feminina. A letra da música, na verdade, fala muito mais da união das mulheres. Tanto que até a personagem que seria a 'cobra venenosa' é chamada para se juntar ao bonde", afirmou a cantora em entrevista a vogue.

Após o rompimento com Anitta, Ludmilla vem sofrendo diversos ataques nas redes sociais, com ofensas que vão desde homofobia, até mesmo declarações racistas. Em sua conta oficial no twitter, a cantora foi chamada de "neguinha nojenta" por um perfil anônimo.

Ludmilla sobre racismo em sua conta no Twitter | Imagem: Reprodução/Twitter

A luta pela coroa de rainha do pop

Quem é fã ou pelo menos conhece um pouco da indústria pop americana já está familiarizado com essas discussão. Basta surgir uma cantora nova para dar início as novas comparações e possíveis rivalidades. Um grande exemplo disso foi Lady Gaga, que durante muito tempo trocou alfinetadas com Madonna, que a acusava de plágio.

Em 2019, Lady Gaga e Madonna selam a paz após anos de intrigas | Foto: Reprodução/Instagram)

Katy Perry e Taylor Swift são outro exemplo que não podemos deixar de citar quando o assunto é rivalidade feminina na indústria musical. Segundo Taylor, tudo começou quando sua rival teria atrapalhado sua turnê, contratando três dançarinos que já haviam trabalhado com ela. Vale lembrar que ambas já namoraram John Mayer, o que também pode ser um dos motivos para a richa entre as duas. Felizmente, a briga entre elas também chegou ao fim quando Katy Perry fez uma participação especial no clipe You Need To Calm Down de Taylor Swift.

Katy Perry e Taylor Swift se abraçam como gesto de reconciliação | Foto: Reprodução/Youtube)

Existem outros diversos exemplos que poderiam ser citados. Todavia, boa parte deles acabaram de forma positiva, com uma reconciliação ou um tratado de paz. Aos poucos as mulheres estão entendendo que não há motivos para tanta rivalidade e que há espaço para todas brilharem, sobretudo juntas!