top of page

Onda de ataques em redes sociais pode estar ocasionando a morte de ídolos coreanos

  • 23 de out. de 2019
  • 4 min de leitura

Hates começam a se transformar em discursos de ódio e podem ser transformados em gatilhos



Última foto postada pela cantora em suas redes sociais | Fonte: Instagram


A onda de ódio, ou os chamados hates, vem crescendo cada vez mais na internet e nas redes sociais de muitos ídolos de grupos coreanos nos últimos tempos. Isso faz com que surjam algumas perguntas, como qual o limite para expressar sua opinião, e até que ponto ela está se transformando em ódio e ferindo ou afetando a vida de outras pessoas. Quando um grupo começa a ascender e ganhar o coração de muitos fãs, sejam eles nacionais ou internacionais, junto crescem, em contrapartida, o ódio de muitos outros. Porém, estes comentários maldosos muitas vezes passam dos limites, se transformando em discursos de ódio nas redes sociais.


Sulli, atriz, cantora e ex integrante de um dos grupos femininos de k-pop ou pop coreano, F(x), fundado em 2009, foi encontrada morta em seu apartamento no último dia tal pelo seu agente. Segundo as imprensas locais sul coreanas como Yonhap, ela foi vítima de suicídio.


A ex cantora e atriz foi uma das vítimas destes chamados hates. Através de suas redes sociais, em transmissões ao vivo, fotos postadas e fóruns na internet, a cantora passava constantemente por comentários maldosos sobre o seu estilo de vida e sobre o que defendia, como pautas feministas. Porém, muitos comentários começaram a passar dos limites quando a cantora acidentalmente deixou a mostra uma pequena parte de seus seios durante uma live de um tutorial de maquiagem no Instagram.


Como se trata de um país ainda muito conservador, Sulli defendia causas sociais, como o movimento em que as mulheres são livres para usarem ou não sutiã, um dos motivos para os constantes ataques.


Por conta de treinamentos massivos e cansativos nos quais os idols são submetidos quando debutam em um grupo ou empresa, a saúde mental deles, por vezes, se vê comprometidas e a depressão começa a se tornar algo comum, o que faz com que comentários maldosos comecem a se tornar gatilhos para o suicídio.


Cantora tem morte decretada no dia 14 de outubro de 2019 | Fonte: POPline


Segundo o psicólogo Italo Weiner (25), o hate também pode ser entendido como uma modalidade de propagação de discurso de ódio, que por sua vez, é todo ato que de alguma forma, discrimine ou incite à discriminação/inferiorização, geralmente de algum grupo minoritário. Desse modo, objetiva afetar negativamente não somente a pessoa alvo dos comentários, mas também todos aqueles membros do grupo minoritário em questão, como os fãs ou outros sujeitos identificados.


Os ataques de ódio na internet são conhecidos por não acontecerem de forma isolada, mas em um padrão de ataques intensos e persistentes a partir de várias pessoas. “Se considerarmos que as atuações de hate possuem várias semelhanças com casos de bullying, é possível afirmar que a intensidade e a frequência de tais ataques podem levar as vítimas a desenvolver graves psicopatologias, como depressão, transtornos de ansiedade e ideação suicida”, conta o psicólogo.


Apesar das pesquisas determinarem essa correlação, é preciso lembrar que outros fatores também afetam no desenvolvimento de tais moléstias, como fatores genéticos, fisiológicos e relacionados a condições de trabalho inadequadas. Deste modo, passar por frequentes pressões geradas pelos fãs e empresariado, além de ritmos de treinos exaustivos, podem acabar ocasionando tais transtornos. “Sobre a questão de ‘ondas de suicídio’, o mais indicado seria investigar caso a caso sobre cada um dos cantores para poder determinar se há algum fator em comum. As pressões exercidas, seja pelo trabalho, ou ataques de ódio, de toda forma são prejudiciais ao psiquismo humano, entretanto não é possível bater o martelo e dizer que são determinantes para a ocorrência das fatalidades, é mais complexo que isso”, explica Weiner.


Homenagem ao cantor coreano Kim Jong Hyun | Fonte: El País

Sulli não foi a única vítima recente de suicídios e discursos de ódio, o também cantor Kim Jong Hyun, ex integrante do grupo Shinee, foi encontrado morto vítima de suicídio após uma crise de depressão. O vocalista de 27 anos deixou uma carta de suicídio, segundo a imprensa coreana Yonhap News. A onda de ódio virtual é apontada também como gatilho para a morte do rapaz, pois King Jonh Hyun estava sofrendo com uma onda de comentários maldosos e negativos após se mostrar a favor do movimento LGBT.


Com a morte de Sulli, a internet se dividiu em pessoas que, mesmo depois de sua morte, ainda continuaram a levantar comentários maldosos contra a cantora, e pessoas que levantaram fóruns para repensar o caso sobre cyberbullying e discursos odiosos na internet. Deste modo, os fãs ainda temem pela vida e saúde mental de muitos ídolos.


Quanto aos gatilhos, de acordo com Weiner, é importante ressaltar que os ídolos na atualidade, principalmente no contexto da música pop, ocupam uma função como a dos deuses ou santos na antiguidade, seres que eram geralmente dotados de poderes sobrenaturais e perfeição em vários de seus aspectos, servindo como exemplos para os humanos imperfeitos. A diferença está no fato de que os deuses eram histórias idealizadas e os santos já estavam mortos quando canonizados, enquanto os artistas ainda estão vivos, fazendo com que eles recebam toda a carga afetiva de seus seguidores e precisam corresponder a uma imagem muitas vezes mitológica.


Corresponder a um padrão de perfeição impossível é algo cruel que não deveria ser cobrado de ninguém, da mesma forma, saber como lidar com tudo isso de forma saudável demanda muito cuidado com a saúde mental e maturidade, seja por parte dos fãs quanto dos artistas.

De acordo com Matheus Rabelo (20), um grande fã da cultura sul coreana, as mortes desses artistas causaram um impacto muito grande no mundo do k-pop. Segundo ele, a morte dos ídolos fazem com que a internet repense sobre os comentários destinados a eles. “Muita gente fala mal pensando que eles nunca irão ver, mas eles veem, e isso afeta eles. E mesmo que eles não vejam, outras pessoas vão ver, o que pode se tornar gatilhos para elas”.


Deste modo, comentários maldosos e de ódio não afetam apenas artistas mas também pessoas comuns, como fãs. O ódio propagado na internet afeta a todos os seres humanos e assim, cresce cada vez mais a taxa de suicídio ao redor do mundo. Portanto, fica a questão, quando é a hora de repensar se o seu comentário está afetando alguém de alguma forma? Logo, o mundo precisa reconsiderar sobre formas de ódio, e principalmente como eles afetam pessoas na internet.

Comments


Fale com a gente! Quer saber mais sobre o blog, sobre os posts ou sugerir algo? Mande um email que nós respondemos!

 

Email: musicaquatroestacoes@gmail.com

 

Siga a gente nas redes sociais e fique ligadinho nas nossas novidades! Você sabia que também estamos no Spotify? Confere lá!

 

  • Facebook - Círculo Branco
  • Instagram - White Circle
  • Twitter - Círculo Branco
  • LinkedIn - Círculo Branco

© 2021. Blog 4Estações

Layout: Túlio Daniel

bottom of page