POP, a influência de um gênero na vida de um fã

Quem nunca se arriscou somente para assistir um show ou se sentir mais próximo de um cantor favorito? Vivemos atualmente em um mundo lotado de fãs que fariam qualquer coisa pelo seu ídolo, desde aventuras como acampar em filas para adquirir ingressos, ou mesmo enfrentar tempos ruins como tempestades, frio e calor intenso. Pop, termo advindo do inglês, é uma abreviação da palavra popular. A classe musical surgida nos Estados Unidos na década de 1950, se caracteriza por tratar de um gênero que contém músicas sensíveis e melódicas, e quase sempre são compostas por letras que falam de sentimentos e coisas do cotidiano. Este gênero se difundiu no mundo todo, criando para si algumas outras categorias advindas de outros países como Japão (J-pop), Coreia do Sul (K-pop), pop americano (American pop) e o pop Brasileiro. Este gênero conta com artistas como Justin Bieber, Jonas Brothers, Ariana Grande, Madona, One Direction, Selena Gomes, Demi Lovato, Hikaru Utada, Anitta, Pablo Vittar, Iza, BTS, Twice, Red Velvet, Exo, Black Pink, Seventeen, entre outros que acabaram por arrastar consigo uma multidão de fãs.

Imagem de : Vagalume

Carolina Arruda, 17 anos, fã da cantora pop Ariana Grande, conta que já se aventurou bastante em prol da sua cantora do coração. “A maior loucura que eu já fiz por um ídolo foi mobilizar toda a minha família em um momento financeiro frágil, para poder ir em um show na capital. Minha família mesmo sabendo da situação, não mediu esforços para me ajudar”.

Rubi, 21 anos (nome alterado a pedido da entrevistada), possui até hoje ídolos como os Jonas Brothers, banda que se separou no ano de 2013, e o cantor Justin Bieber. Mas, foi com o Jonas Brothers que ela começou suas aventuras como fã. Uma delas foi sair de sua cidade natal para acompanhar os ídolos que estavam numa turnê, em um último show da banda no Brasil antes de se separarem. “ Para eu poder ir neste show, meu pai teria que ir comigo e uma das condições impostas era que eu bancasse tudo. Pegamos uma excursão que saía de Ribeirão Preto até a cidade de São Paulo. Eu comprei os ingressos para nós dois, camisetas personalizadas entre outros itens. Aquela excursão para o show dos Jonas Brothers foi uma realização pessoal. Acompanhei as vezes que eles vieram anteriormente pela TV e internet. Então, estar lá para mim era muito importante. Daquele show, eu levei mais do que a realização de um sonho, eu levei boas histórias e amizades para vida toda. O lema deles era 'Living the dream', então eu vivi aquele dia intensamente, vou sempre sentir falta das cantorias na fila, viver sonhos que desejamos é maravilhoso. Então realizar os que nem sabíamos que tínhamos é perfeito”.

Imagem de: Jonas Brothers

Segundo Mathias Brito, 21 anos, a maior aventura dele por seus ídolos Lady Gaga e Zayn Malik foi marcar em se corpo esse amor de fã. “ Eu tenho duas tatuagens, onde uma é em homenagem a Lady Gaga e a outra é em homenagem ao Zayn, que participou do grupo 'One Direction', então para mim, essas tatuagens, tem um valor muito significativo, porque é como se tivesse uma parte deles em mim”.

Imagem de: Papelpop

Já para Ana (nome alterado a pedido da entrevistada) 18 anos, fã da cultura oriental, conta que sua maior aventura foi pelos meninos da banda Sul coreana BTS. Ela relata que desde o ano de 2013, quando a banda iniciou, guarda dinheiro de sua mesada para que algum dia consiga ir em algum show e acompanhar bem de perto seus ídolos. “ Desde quando conheci os meninos, eu me tornei fã do trabalho deles, e a cada dia que passa, meu sonho de conhecê-los se torna maior, assim como a cada álbum lançado eu me sinto mais orgulhosa de cada um deles, espero algum dia conseguir ir em um show. Para mim, ver meus bias de perto é o meu maior sonho, mas enquanto isso, sigo apenas colecionando itens como moletom, camisetas, canecas e bottons deles”.

Imagem de: ptAnime

De acordo com Helena, 22 anos (nome alterado a pedido da entrevistada), a maior aventura que já teve relacionada a algum ídolo do pop foi com o cantor Shawn Mendes. Ela afirma que além de ter o quarto todo decorado com pôsteres do cantor, fez uma tatuagem de um violão, igual a que o cantor possui no antebraço. “Desde que conheci o Shawn, ele é tudo para mim, além de ser muito gentil com todas as fãs, ele ainda é um artista sensacional, desde a primeira música que eu ouvi dele 'Treat you better', nunca mais consegui parar. Esta tatuagem tem um significado muito especial para ele, então quando olho para a minha, sinto como se ele estivesse comigo, além disso, tenho outras duas, uma na costela com a frase 'In my blood' e outra no pulso escrito 'Mercy', que são em homenagem a outras duas músicas dele”.

Imagem de: Vagalume

A música POP como terapia e superação de problemas cotidianos.

Segundo uma matéria publicada pelo Bem Estar no veículo de comunicação G1, a música pode ser uma grande aliada quando se trata de problemas emocionais. Além de trazer muitos benefícios para a saúde, também já está sendo utilizada por especialistas e terapeutas como um método de tratamento contra o estresse, pois a música possui propriedades calmantes e relaxantes que além de aliviar dores, melhoram a memória e ativam a dopamina no cérebro, hormônio responsável pela sensação de prazer. E com o gênero pop não foi diferente, muitos fãs utilizam-se deste como forma de superação para alguns problemas diários como estresse, ansiedade, entre outros fatores que são muito recorrentes durante o dia-a-dia.

Isso aconteceu com Rubi, que afirma que seus ídolos são uma espécie de “porto seguro” para alguns problemas cotidianos. “Os Jonas Brothers me influenciam até hoje, é uma banda que separou, porém ainda acompanho suas carreiras solo, mas, toda vez que eu coloco uma playlist de música deles, isto funciona para mim como uma espécie de “proteção”, é como se isso me impedisse de ser uma pessoa triste ou irritada. Escutar as músicas é como uma terapia e ouvir eles me toca tão profundamente hoje por memórias afetivas anteriores, que elas se tornam a minha barreira de contenção, me ajudando a ficar feliz, calma e a lidar com as dificuldades da vida. Acredito que seja pelo fato de que eu ouvi muito na época da minha adolescência e pré-adolescência, enfim, eles me inspiram.”

Para Caroline não foi diferente, a música é uma grande aliada quando se trata dos problemas do dia-a-dia. “As músicas da Ariana que me ajudam em momentos de superação é 'One Last Time' e o cover de 'Somewhere Over The Rainbow'. Já do pop nacional é um cover das meninas do duo Anavitória, 'Tocando em Frente' ”.

Mathias também afirma, que a música o ajudou a passar por várias situações ruins como a auto aceitação. “Não foi só a questão da música, mas do artista também, como a Gaga, ela me ajudou no meu processo de aceitação, no momento em que eu precisava me aceitar mais ainda, como eu sou, a pessoa e o ser humano que eu sou, eu sou uma pessoa como qualquer outra, e também a respeitar as diferenças de cada um, ela me ajudou a me compreender e compreender a diferença dos outros, a respeitar e se sentir bem, ter paciência consigo mesmo, a tentar se compreender mentalmente e internamente”.

Ana conta que quando sofria com transtornos como o estresse e raiva, se sentia melhor ouvindo músicas advindas do grupo. “Quando o meu dia está muito ruim ou estressante, gosto de colocar as músicas Save me e Dope, mas para falar a verdade eu gosto muito de todas as músicas deles, mas essas duas em especial me fazem sentir mais alegre e menos estressada, para dias ruins quando acordo triste e preciso me sentir mais feliz, eu gosto de escutar Spring Day, pois a letra conta realmente como me sinto, fazendo assim com que eu não me sinta sozinha, e acredite que muitas pessoas também estão passando por momentos ruins e que assim como eu vão conseguir superar. Minha primeira música deles foi We are bullet proof, na época eu estava passando por um momento difícil na minha vida, era constantemente ridicularizada na escola e consequentemente fui vítima de Bulliyng, eu estava muito triste e desanimada, mas de repente uma amiga minha me mostrou o mundo, que como ela gostava de chamar, era o “mundo colorido” do K-Pop e o primeiro grupo que ouvi foi BTS. Nessa música eles falavam como trabalhavam constantemente para conquistarem os seus sonhos e o quanto foram fortes para isso, graças a essa música e esse “mundo”, eu comecei a fazer amizades e ver o mundo de uma forma mais divertida, hoje em dia, levo muitos amigos que conheci do K-pop, pessoas de todos os lugares e culturas diferentes, mas que têm uma coisa em comum: o amor pelo K-pop e pelos meninos do BTS”.

De acordo com Helena, após o término de um relacionamento as músicas de Shawn Mendes a ajudaram bastante. “Eu tinha acabado de terminar com meu namorado, tínhamos cerca de três anos de relacionamento, entrei em um estado avançado de depressão, não queria ver ninguém, nem mesmo sair de casa, tudo para mim era ruim, mas só havia uma coisa que me fazia sentir melhor, colocar meus fones de ouvido e escutar alguma música legal. Foi então que a minha prima veio até minha casa e me mostrou o Shawn. Quando ouvi pela primeira vez 'Treat you better' eu me identifiquei com a música, e me senti melhor, então todos os dias eu refletia sobre ela e notei que eu merecia alguém melhor. Hoje já consegui superar, estou namorando com alguém bem melhor. É como diz a letra da música, toda garota merece um cavalheiro”.

A música como um aliado na aprendizagem de novos idiomas

Segundo o site Terra, uma pesquisa feita pela universidade de Edimburgo situada na Escócia, aponta que cantar em uma língua estrangeira ajuda no melhor aprendizado daquele idioma, e segundo a pesquisadora Ludke, a melodia serve como uma “ponte” para a memória, ajudando assim na capacidade de assimilação e fixação das palavras estrangeiras. Muitos fãs pelo fato de se identificar com as letras das músicas e com alguns artistas, resolvem ir atrás de escolas de idiomas, para que assim consigam dominar aquela linguagem e se sentir mais próximos de seus ídolos.

Luciana Arantes, professora de inglês, conta que após a explosão do pop no Brasil, a procura pelos idiomas coreano e inglês tem aumentado bastante e explica que a maioria dos interessados são fãs de algum grupo da coreia e, portanto, escolhem aprender este idioma para se sentirem mais próximos dos seus ídolos e ter a melhor compreensão de suas músicas.

Com Rubi não foi diferente, já que a mesma conta que aprendeu inglês ouvindo música estrangeiras. Sobre as letras dos Jonas Brothers, eu me identificava muito, pesquisava as traduções e acabei associando muitas expressões. Você sempre quer saber tudo sobre a banda. Então, você pesquisa entrevistas com legendas, traduções das músicas, lyric vídeos e vai aprendendo.”

Segundo Carolina, o mesmo aconteceu com ela, movida pelo amor por música, começou através delas a aprimorar o seu vocabulário no idioma inglês. “Sinto que no meu caso, a contribuição do pop foi me ensinar uma nova língua, por assim dizer. Me ajudou demais com o básico da língua inglesa, muito do que sei hoje é devido ao meu gosto musical que a cada nova letra aumenta o alcance do meu vocabulário”.

Para Matias, a música teve um significado muito importante, pois através dela se tornou mais fácil a sua inserção em novos idiomas. “A música pop sempre me influenciou, nunca tive a oportunidade de fazer cursos de idiomas, mas sempre que vejo trechos interessantes de músicas que eu gosto eu procuro o significado, porém nada muito fluente. É um grande ponto para você começar a aprender e entender um pouco do idioma e assim adentrar um pouco nesse mundo do pop internacional, e também me leva as séries, que pelo fato das músicas serem todas em inglês, eu comecei a ver série legendada com o áudio em inglês, é um gênero que ao meu ver me ajudou muito”.

Segundo Ana, a música coreana foi o que deu origem a sua curiosidade pelo idioma, e que através das músicas de K-pop ela conseguiu assimilar algumas palavras, fazendo assim com que se interessasse pela língua. “Como um dos meus maiores sonhos é conhecer os meus ídolos, eu logo senti a necessidade de aprender este idioma, a cada música e álbum lançados por eles, só aumentavam a minha curiosidade por saber do que as músicas se tratavam, então resolvi tentar um curso de mandarim, porém devido aos altos custos, resolvi que o melhor seria tentar aprender pela internet com aplicativos baixados, vendo entrevistas e ouvindo músicas, pois acredito que aprendo melhor vendo e ouvindo ao invés de lendo ou escrevendo. Enfim, acho que praticar é o melhor jeito de se aprender algo. Desse modo, todos os dias após eu tentar aprender este novo idioma, coloco uma música relacionada ao K-pop e gosto de tentar traduzi-la ou mesmo tentar acompanhá-la. Acredito também, que o inglês é fundamental, pois as músicas são uma mistura de inglês e coreano, por isso se você não sabe qualquer um dos dois fica mais difícil. Eu sinto que quando estudo coreano estou mais próxima deles, pois eles também se esforçam bastante para aprender os nossos idiomas e sinto que assim como eles fazem tanto esforço por nós nas músicas ou mesmo nos shows e clipes, treinando coreano, estou me esforçando por eles também”.

De acordo com Helena, o pop contribui bastante para o aprimoramento do idioma. “Eu sempre queria saber tudo sobre as músicas e ele, e quando eu via uma entrevista dele, as vezes em inglês, ficava curiosa para saber o que ele falava, era divertido vê-lo em entrevistas e algumas delas não tinham legendas, portanto ficava muito curiosa querendo saber o assunto. Ele foi o gás que eu precisava para começar a me empenhar mais no meu curso de inglês”.

O pop ainda continua se expandindo e com ele a sua multidão de fãs, cada um com seus países e gostos diferentes, mas mesmo assim, influenciando de uma forma positiva os adoradores deste gênero, que vão desde crianças e adolescentes, até a fase adulta, e segundo os fãs, este tipo de música jamais vai se tornar clichê, pois falar de coisas do coração e do cotidiano podem ajudar muitas pessoas com problemas pessoais relacionados a auto aceitação, depressão, estresse e timidez.

“O pop sempre vai ser um gênero especial e tocante, ele ajuda as pessoas a se aceitarem, a se sentirem bem consigo mesma, e hoje posso dizer que através deste gênero eu tenho amigos que jamais pensei que faria e acredito que estou mais desenvolta e menos tímida, e através de alguns ídolos consigo ver que sempre se há uma luz no fim do túnel, uma força interior” - Ana.

Imagem de: PapelPop