Pop: os obstáculos enfrentados pelos músicos brasileiros
- Betina Scaramussa
- 21 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de jul. de 2019
A música é presente em diversos segmentos da sociedade brasileira. Ela é uma expressão artística que atende as mais variadas faixas etárias. Assim, desde de 1900, quando inaugurou o primeiro estúdio de gravação no país, A Casa Edison, até a explosão do Streaming, o mercado musical brasileiro vive grandes transformações. A indústria musical passou a se consolidar e atender determinadas especificidades.
O mercado envolve as mais diversas áreas profissionais, como os autores, artistas, técnicos, produtores, empresários, além dos veículos de comunicação. No Brasil, os gêneros musicais crescem de acordo com a demanda dos ouvintes. Um desses, é o POP.
História
O gênero Pop nasceu nos Estados Unidos e no Reino Unido com as influências do jazz, soul, country, e a partir da década de 30 passou a se desenvolver. Somente em 50, que o estilo se consolidou e alcançou um patamar diversas vertentes. Alguns nomes que se destacaram foram Elvis Presley, Frank Sinatra, Neil Diamond e Bob Dylan. Anos mais tarde, era a vez de Elton John, Michael Jackson, as boybands e girlsbands.
Atualmente, os nomes mais reconhecidos do Pop Internacional são Madonna, Justin Bieber, Lady Gaga, Beyoncé, Christina Aguilera e Britney Spears. No Brasil, esse gênero foi introduzido pelo movimento tropicalista. Os artistas inspiraram-se na cultura popular e produziram canções jovens e com a identidade da época. No cenário musical atual, grandes nomes brasileiros são Anitta, IZA, Silva, Anavitória e Jão.

As dificuldades
Em termos de crescimento e qualidade de mercado, o termo pop é diferente do gênero Pop. O próprio gênero musical não atrai tantos investimentos midiáticos, diferente do termo pop que agrega a mistura de vários ritmos musicais. Assim, esse atende com mais rapidez o sucesso dos empresários. Por isso, as gravadoras e produtoras utilizam recursos sonoros para chamar a atenção do público e obter a grande reprodução em massa. Essa diferenciação, falta de investimentos, competitividade, predomínio de mercado, baixa valorização e poucos recursos são algumas das principais dificuldades encontradas pelos músicos para se destacarem e consolidarem suas músicas no mercado brasileiro.
O cantor Relton Alves, de 30 anos, que possui 14 anos de carreira, afirma que a oferta de baixos cachês em certos estabelecimentos e o pouco mercado são alguns obstáculos enfrentados por ele. Questionado sobre o que traz de diferente para agradar o público, ele conta que leva uma particularidade de “mistar” todas as influências pra gerar uma sonoridade mais única e singular. E ainda que, para quem quer seguir nesse ramo, não pode faltar determinação, vontade, bom planejamento de carreira e um estudo musical.

A ausência de investimentos por parte do setor privado faz com que, na maioria das vezes, o início da carreira seja investido pelos próprios músicos. Em conversa com a Banda Nova York, formada por Diego Sanz, Marlen, Willian Torres, Allexia Teixeira, Cleiton, Raquel Tomazela, Leo Romanholi, Gabriel Morais e Ricardo Firasse, além dos produtores, técnicos e equipe, eles contam que no princípio da Banda, eles mesmos investiam nas músicas e nas produções. Com a evolução e trajetória do grupo, puderam se consolidar no mercado e conseguirem o reconhecimento. Atualmente, cantam em Uberlândia e região nos bailes de formatura, festas de casamentos, carnavais, entre outros.
Porém, a vocação para música ultrapassa a maioria das dificuldades. O desejo em seguir uma carreira e se consolidar no mercado vai além das inúmeras respostas negativas que os cantores e bandas recebem diariamente. Em entrevista publicada no site Metrópoles, Flávio Saturnino, fundador do Popline, maior rede de informação do Pop no Brasil e também gerenciador de algumas carreiras artísticas, conta que o mercado nacional ainda têm muito a apresentar e acrescenta que o Brasil possui diversos profissionais de excelente qualidade. Na entrevista, ele ainda relata que o mercado sertanejo é o principal no Brasil e que os cantores Pop ainda não conseguiram atingir o patamar desejado, devido à crescente adesão ao Sertanejo.
Outro ponto vivido pelos música é a carência dos contratantes. Em Uberlândia, por exemplo, são poucos os estabelecimentos que convidam e oferecem um cachê equivalente. Alguns bares e casas de shows contratam apenas por algumas noites.
O vocalista da Banda AP7, Ítalo Custódio Miranda, de 29 anos, conta que a maior dificuldade encontrada pelo grupo é o preconceito musical. Ele afirma que o público quer escutar as mesmas músicas de sempre, as convencionais. A falta de aceitação com o trabalho autoral da banda é um problema recorrente vivido por eles. Essa desvalorização é refletida nos cachês baixos e na ausência de investimentos. Alguns estabelecimentos chegam a oferecer valores muito baixos e que não são inclusos nem água, por exemplo. Ítalo ainda diz que, no início foi ele o investidor da banda.
—Fui o primeiro investidor da banda. Na verdade, até hoje eu invisto. No começo, eu peguei um acerto que tive e comecei a gravar na época. A composição atual, tem quatro anos, levamos de uma forma profissional. A Banda se tornou uma empresa e dividimos as funções.

Perguntado sobre o diferencial do grupo, Ítalo diz que a Banda não se preocupa em tocar algo que está na moda e sim trazer as composições autorais.
—Como compositor, escrevo músicas que são relevantes, que levo para o meu dia a dia. O nosso Cd ‘‘O mundo vai girar’’ tem canções sobre a inconstância da nossa vida, as mudanças cotidianas, o que nós iremos deixar para as gerações futuras. O outro diferencial é a nossa mistura de reportório, fazemos covers e cantamos as nossas músicas.
A força de vontade também é ressaltada pelo cantor. As inúmeras dificuldades fazem muitos artistas desistirem, porém, os aprendizados e a dedicação fizeram o grupo cantar em várias cidades e crescerem no mercado. A banda já passou por várias cidades, bares e festivais de Uberlândia e região.
Novos caminhos
Uma alternativa que os músicos têm encontrado é divulgar o seu trabalho pela Internet. As redes sociais facilitam e ajudam os grupos musicais, como o Youtube, Instagram, Facebook e Twitter. A cada compartilhamento e reprodução o trabalho vai se desenvolvendo e crescendo no mundo digital. Essas ferramentas não possuem fronteiras, o público de outra região pode acessar e se interessar pelo trabalho do artista que está a quilômetros de distância.
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