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[Opinião] Liberdade artística e empresarial: o debate em evidência na indústria do entretenimento

  • Foto do escritor: Josias Ribeiro
    Josias Ribeiro
  • 25 de ago. de 2023
  • 4 min de leitura

De Larissa Manoela a Britney Spears, casos emblemáticos revelam desafios de autonomia e controle da própria carreira de artistas


O ano de 2023 está sendo crucial para o debate sobre a liberdade artística e financeira dos artistas em relação a seus empresários. O caso recente que tornou o tópico relevante foi a briga judicial envolvendo a cantora e atriz Larissa Manoela contra os pais, devido à falta de liberdade financeira e outras polêmicas pessoais. Além de Larissa, os últimos anos reacenderam disputas entre artistas e empresários, como os casos de Xuxa, Taylor Swift e Britney Spears, que são exemplos marcantes.


Artistas nacionais e internacionais têm tido problemas com empresários | Fotos: Reprodução/Redes Sociais

Apesar de ser uma discussão polêmica, essa problemática existe há décadas na indústria do entretenimento. Situações em que empresários e agentes se aproveitam de determinados artistas eram mais comuns no passado, quando o artista dependia fortemente de figuras influentes na indústria para promover seu trabalho. Um dos benefícios trazidos pelos serviços de streaming foi a maior autonomia artística e empresarial dos cantores, que não precisam mais, desesperadamente, de investidores para ampla divulgação.


Os casos de Xuxa, Britney Spears, Taylor Swift e Larissa Manoela são específicos, mas apresentam pontos de similaridade a serem analisados. A relação conturbada entre Xuxa e sua ex-empresária Marlene Matos é um exemplo notório, enquanto o caso de Britney Spears evidenciou questões de tutela e controle extremo por parte dos pais. A batalha de Taylor Swift pelos direitos de suas gravações anteriores provocou uma discussão sobre propriedade artística na indústria da música. Por fim, Larissa Manoela enfrenta questões similares às de Britney em relação ao controle financeiro exercido por seus pais.


Caso a Caso


Xuxa


Desde a separação em 2002, a relação entre Xuxa e sua ex-empresária Marlene Matos tem sido um dos temas mais recorrentes quando se discute desavenças profissionais. O lançamento recente de "Xuxa: o documentário", na Globoplay, também reacendeu esse assunto ao mostrar o reencontro das duas após anos sem comunicação.


Naquela época, Xuxa fez sérias acusações contra sua ex-empresária, alegando humilhação e danos psicológicos causados por Marlene, além de se sentir explorada e prejudicada pela diretora. Marlene, por sua vez, processou Xuxa em 2021 por calúnia e difamação, mas a artista foi inocentada.


Diferente dos outros casos, é notável, especialmente ao considerar o documentário, que Marlene tinha uma preocupação excessiva com a segurança de Xuxa, não apenas pela questão financeira, mas também porque via a artista como um fenômeno raro que a televisão dificilmente teria novamente. Outros aspectos discutíveis incluem o contexto da época, não para invalidar as declarações de Xuxa sobre Marlene, mas para compreender que empresárias femininas naquela época eram raras, aumentando a pressão sobre ambas.


Britney Spears


O caso de Britney Spears é talvez o mais problemático dentre os mencionados. Além dos pais serem responsáveis pela gestão financeira da artista, eles mantiveram uma tutela sobre ela desde 2008, que lhes conferia a decisão final em todos os aspectos de sua vida, inclusive casamentos. Essa tutela foi estabelecida devido a preocupações com a saúde mental de Britney, que foi hospitalizada duas vezes em 2008 em uma ala psiquiátrica.



Apesar de tentar remover seu pai da posição de tutor em 2020 e provar sua capacidade de tomar decisões independentes, Britney só recuperou sua liberdade no final de 2021, após uma série de batalhas judiciais. Esse caso gerou manifestações globais chamadas "Free Britney", clamando pelo fim da tutela. Atualmente, Britney Spears detém total controle sobre sua vida pessoal e comercial.


Taylor Swift


A controvérsia entre Taylor Swift e Scooter Braun começou quando Braun adquiriu a Big Machine Label Group, detentora dos direitos das primeiras gravações de Taylor Swift. Isso levou Taylor a perder o controle sobre sua discografia anterior, deixando-a indignada por não ter tido a oportunidade de comprar seus próprios masters. A situação atraiu atenção pública devido à resposta emocional de Taylor nas redes sociais, acusando Scooter Braun de bullying anterior e descrevendo a aquisição como um pesadelo. Esse incidente provocou uma discussão mais ampla sobre propriedade artística e distribuição de direitos na indústria musical.



Recentemente, Justin Bieber, Ariana Grande, Carly Rae Jepsen, Demi Lovato e outros agenciados por Scooter também romperam contrato com o empresário. A revista Variety informou que ele não irá mais atuar na gestão de carreiras.


Larissa Manoela


O caso de Larissa Manoela tem algumas semelhanças com o de Britney Spears, mas, ao contrário da princesa do pop, Larissa agiu rapidamente para tomar medidas legais contra seus pais. A ligação entre as duas artistas é que os pais de ambas atuavam como seus empresários e tinham controle sobre suas finanças.


Uma reportagem detalhada do programa "Fantástico", da Globo, apresentou evidências que destacam a disparidade nas porcentagens de ganhos entre a cantora e seus pais. Atualmente, a situação não foi resolvida e Larissa Manoela detém apenas 2% de sua própria empresa, que é seu nome, enquanto os pais ficam com o restante. Nesse caso, Larissa Manoela busca liberdade e controle total sobre seus ativos, chegando até mesmo a renunciar a 18 milhões de reais em favor de seus pais, caso seja necessário.


Esses casos, embora distintos, ganharam destaque nos últimos anos através de documentários, brigas judiciais e reencontros públicos. Eles evidenciam um problema persistente em que artistas, principalmente mulheres, se veem em confronto com seus empresários. Apesar da era moderna permitir que artistas ganhem visibilidade independentemente, muitas dessas disputas continuam ocorrendo, levantando questionamentos sobre o papel de gênero nessa dinâmica.


 

As opiniões expressas pelos autores pertencem a eles e não refletem necessariamente a opinião do 4Estações.

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