[Opinião] Música: um meio cultural ou financeiro?
- Túlio Daniel
- 22 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de nov. de 2020
A música, nas suas mais variadas formas, vai muito além de uma sequência de notas e sons e de uma prática cultural, atinge esferas macro financeiras e até mesmo de liberdade e expressão, não sendo atoa que é considerada a primeira arte do manifesto criado por Ricciotto, estando a frente da dança, pintura, escultura, teatro, literatura e cinema – a tão famosa sétima arte. Mas até que ponto a música ainda é considerada uma mera expressão cultural e não cai nos meios capitalistas que fazem da nossa arte uma indústria cultural?
Na contemporaneidade, a música acabou por se expandir em vários gêneros musicais, sendo inúmeros e possuindo músicas até mesmo que abrangem mais de um tipo de gênero. Numa pesquisa soltada pelo Ibope, 58% dos entrevistados ouviam sertanejo no Brasil, não sendo atoa que este é o ritmo que mais toca nas rádios e que vem evoluindo ao longo dos anos, seja através do Sertanejo Universitário, do Feminejo ou dos novos cantores. Entretanto, o mercado financeiro que vêm à sombra move shows gigantescos associados a rodeios ou programas televisivos que geram bons números em dinheiro e que fazem pessoas entrarem no ramo apenas almejando sucesso e riqueza.

A ostentação é outra palavra que surgiu nos últimos anos e que está intimamente ligada ao meio musical, principalmente ao funk, gênero não recente, mas que atualmente caiu no gosto popular. A crítica aos novos cantores é justamente a de não se fazerem música pensando no sentimento, expressão ou público, como ocorre no MPB antigo ou no Rock 2000, e sim apenas no sucesso. Hoje, letras rasas, repetitivas ou simples batidas dançantes estouram no Brasil, trazendo sucesso e dinheiro repentino que dois meses depois fará com que os holofotes se apaguem e algum outro cantor com melodia parecida chegue à tona com um hit novo reiniciando o ciclo musical. Mas claro, sem generalizações.
Infelizmente, a música acaba por se tornar um padrão que possui a única finalidade de formar uma percepção ou gosto comum e estético voltado extremamente ao consumismo, o que é definido como Indústria Cultural por Adorno e Horkheimer, e defendido por João Cabral, Mestre em Filosofia no seu artigo Conceito de Indústria Cultural. Logo, assim como as demais artes, a música hoje realmente atinge o meio financeiro, não ficando apenas no cultural, sendo que a única forma de a retirar da Indústria Cultural, ainda que dificilmente, é através de pontos alternativos e originais, como bandas inovadoras que vêm se caracterizando pela música independente.
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