[Opinião] Vaine lança novo single afiado sobre o consumo vazio da existência atual
- Lucas Ribeiro
- há 6 dias
- 2 min de leitura
Trabalho é uma crônica musical do tempo sombrios que nos resta

O single mais recente do rapper e artista visual Vaine, Tudo aqui me Consome, chega voraz com alto teor de identificação para uma geração que vive as angústias de uma realização pessoal cada vez mais distante.
“Tudo aquilo que eu comprei ainda me consome” é a frase que ecoa na música que fala sobre consumismo desenfreado e os demais “sintomas” da corrida para vencer na vida. Com um beat envolvente, característico do trabalho do artista paulistano - uberlandino e com bastante relevância na cidade mineira - os versos retratam a realidade de quem se sente sempre atrasado no caminho para a satisfação material e existencial.
Em um dos versos, ele cita a “alma com fome” mesmo depois da realização momentânea do consumo, refletindo sobre o quanto buscamos preencher vazios com mercadorias expostas em prateleiras e telas.

Assim como os trabalhos anteriores, o lançamento traz provocações e críticas políticas perspicazes sobre temas contemporâneos, sempre de uma forma lírica, poética e urbana. Ouvi recentemente alguém o descrevendo como um rapper cronista e não poderia encontrar descrição melhor para falar sobre essa música e toda a obra de Vaine, que vale muito a pena ser descoberta, caso você ainda não tenha tido nenhum contato com as produções do artista.
O videoclipe da faixa é o complemento perfeito para que não nos reste dúvidas sobre o que ele está falando: pessoas que correm contra o tempo para conseguir a realização material, mas que se deparam com um vazio existencial abissal.
Vaine também assina a direção e a arte visual do clipe, mostrando toda a completude de suas habilidades artísticas.
É impossível não se identificar com os dilemas do eu lírico se você vive no Brasil de 2025, o que faz com que a música continue ecoando em seus ouvidos, se transforme em reflexão, conversa de bar, terapia, desabafo e toda aquele misto de sensações que só a arte provocativa é capaz de nos causar.
As opiniões expressas pelos autores pertencem a eles e não refletem necessariamente a opinião do 4Estações.
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