[Opinião] Onde estão os militantes?
- Josias Ribeiro
- 22 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de nov. de 2022

Um dos principais pontos motivadores de discussões na sociedade atualmente são pessoas que buscam lutar incansavelmente pelas classes minoritárias e marginalizadas nas mais diversas esferas sociais, popularmente chamadas de “militantes”.
O universo musical tem crescido cada vez mais, com uma abertura incomparável com a de tempos atrás, permitindo que pessoas LGBTQIA+ e de cor consigam preencher diversas lacunas..
Clamar por lugar de fala, exaltar quando materiais são lançados ou até mesmo cobrar por espaço e oportunidade para que essas classes sociais ocupem espaços de direito, são pontos fortes desse grupo que luta por igualdade. Entretanto, um fato curioso ocorreu nos últimos dias que me chamou atenção. Iza, que vem se consolidando cada vez mais no universo musical, com espaços de destaque na TV - como jurada do The Voice Brasil - lançou sua música de retorno depois de um tempo em “off”.
Estreada no dia 04 de junho, Gueto abriu as portas da nova era musical da artista, celebrando suas origens e mostrando a beleza negra como protagonista em uma sociedade cada vez mais objetificada e padronizada. Além disso, seu clipe veio carregado de referências, tanto da comunidade negra como da atual situação do país.
Apesar de ser um trabalho bem produzido, com grande investimento visual, é importante frisar que Gueto é uma ótima música com pegada pop que poderia virar hit instantaneamente, mas que não conseguiu atingir nem o Top 20 das mais tocadas do Spotify no país. Com isso, me surgiu um questionamento: onde estão os militantes que cobram por espaço e locais de fala para esses artistas? Por que essas pessoas cobram tanto, mas não consomem os produtos feitos por essas pessoas?
Iza é apenas um dos grandes exemplos que temos atualmente. A própria cantora, em uma entrevista recente, falou sobre a necessidade dessas pessoas, que cobram tanto espaços para pessoas de cor ou LGBTQIA+, não ficarem apenas no “boca a boca”, mas também consumirem esses trabalhos.
Deixo claro, que de modo algum esse artigo tem como finalidade deslegitimar ou achar que essas manifestações são desnecessárias ou aparentam ser hipócritas, mas apenas servir como um sinal “amarelo”, uma forma de chamar ATENÇÃO para esse tipo de atitude. Atualmente, é muito fácil produzir mensagens ou posts genéricos nas redes sociais aclamando esses artistas para ganhar números exorbitantes de likes e seguidores, mas na hora de “botar a mão na massa” e consumir os conteúdos, grande parte se dispersa e finge que esses trabalhos quase não existem.
Para aqueles que ainda não conferiram ou sequer souberam desse lançamento espetacular, recomendo Gueto, de Iza, uma música que celebra a beleza negra com a alegria e o gingado brasileiro.
As opiniões expressas pelos autores pertencem a eles e não refletem necessariamente a opinião do 4Estações.
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