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[Opinião] Poesia Acústica: Fazendo jus às críticas que recebe

  • Foto do escritor: Guilherme Amaral
    Guilherme Amaral
  • 28 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Mais um lançamento que agrada aos ouvidos, mas não foge do genérico


Poesia Acústica #10 - Recomeçar, produzida por Malak, foi lançada na última sexta (27), e reuniu oito artistas: Mc Cabelinho, Orochi, JayA Luuck, Pk, Black, Delacruz, Bk’ e Ludmilla. O canal e estúdio Pineapple Storm é o responsável pelo título que, em um dia, já possui aproximadamente cinco milhões de visualizações no YouTube.


A décima edição de Poesia Acústica segue a fórmula instaurada em 2017, quando a Pineapple juntou sete artistas na música Sobre Nós, que tem oito minutos de duração, inovando e se distanciando do seu predecessor e primeiro da linha, Poesia Acústica #1 - Descompasso do Compasso. Em uma entrevista para o G1, o criador da ideia, Paulo Alvarez, disse que as letras são feitas buscando uma identificação de 100% das pessoas.


E são essas as características principais das obras, diversos músicos, tema identificável e longa duração, numa mistura de estilos entre rap, trap, funk e reggae. A Poesia Acústica não foi responsável por instaurar o rap acústico, mas foi, com certeza, por popularizá-lo. Juntas, as faixas reúnem mais de um bilhão de visualizações, tendo então papel fundamental para a proliferação do rap nacional por todo o país. Aquele som que falava de vivências, da favela, que era marginalizado e consumido apenas pelas comunidades de classe social mais baixa, agora é ouvido nas JBLs na piscina de um condomínio.


Sempre existiram críticas, vindas até mesmo de outros artistas do rap, que diziam que fugia das raízes do estilo, tinha letras simples e que não faziam sentido. Entretanto, a Pineapple acreditou na importância do seu trabalho e continuou buscando por artistas que naquela época estavam em ascensão e hoje fazem parte do grupo de maiores cantores no cenário do rap. Cada nova faixa trazia sua individualidade, com refrões memoráveis, cantados por lindas vozes femininas e com letras que se moldavam no romance como tema, mas não deixavam de ter críticas e vivências próprias de cada artista.


E foi assim até ser lançado Poesia Acústica #7 - Céu Azul. Dessa vez a seleção de artistas estava mais Pop. Vitão, Matuê e Kevin o Chris, eram nomes que estavam em alta na época e integraram no grupo. Porém, a mistura de estilos e as letras desconexas deixou a melodia sem sentido, com pontas soltas. A música tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo. Mesmo assim, é boa de se ouvir e possui trechos como os de Negra Li, cheios de personalidades e críticas sociais importantes.


A partir daí, as faixas foram perdendo personalidade, perdendo rítmica, se tornando algo mais falado, mais genérico, longe das melodias que eram criadas com as diferentes formas de cantar. Poesia 7 foi bastante criticada, mas suas sucessoras não se diferenciam muito dela. O mainstream tomou conta. Se a fórmula está dando certo, por que parar?


Com isso, finalmente chegamos ao último lançamento da Pineapple, a Poesia Acústica #10. Mc Cabelinho é quem puxa os primeiros versos, que não são nem um pouco memoráveis comparados àqueles que introduzem Poesia 6, também cantados por ele. Orochi segue sem trazer nada de especial, os primeiros minutos são bons de ouvir mas não te fazem querer voltar para reouvir.


JayA Luuck é o sangue novo que dá um up na música com seus versos mais rítmicos e melosos que se transformam em funk, abraçando a sacanagem. Pk dá sequência com sua voz gostosa de ouvir abrindo alas para Black chegar com versos cheios de personalidade. Não há quem não goste da voz do Delacruz e, para aproveitá-la, a batida desacelera e quase some, dando espaço para ele cantar. Bk’ toma a frente com mais alguns versos, mas tem a cena roubada por Ludimilla, que encerra com chave de ouro.


A primeira vez da cantora em uma Poesia Acústica é uma surpresa bastante agradável, com boas rimas, bom uso da voz que tem, e referências à suas músicas. Ela ainda encerra dizendo “tá faltando mulher aqui né”.


Por fim, a música é sim boa, porém não foge do genérico, da fórmula criada desde Poesia 7, em que parece ser mais importante reunir vários artistas do que fazer música boa. Será bastante ouvida, afinal Poesia conseguiu se tornar algo consumido por todas as classes e fez muita gente se apaixonar pelo rap, que hoje é um dos estilos mais populares do Brasil. Porém, não será recordada como uma das melhores edições.


As opiniões expressas pelos autores pertencem a eles e não refletem necessariamente a opinião do 4 Estações


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