[Resenha] Miss Americana: de uma cantora country à uma mulher politicamente posicionada
- Túlio Daniel
- 12 de fev. de 2020
- 2 min de leitura
Taylor Swift: Miss Americana é um documentário dirigido por Lana Wilson lançado em 31 de janeiro de 2020 na Netflix. A produção acompanha um pouco da vida e carreira da cantora pop Taylor Swift, desde sua ascensão, distúrbios alimentares, críticas do público e posicionamento político nas últimas eleições nos Estados Unidos.
Em meio a tantos documentários recém produzidos que buscam contar a vida de muitos artistas, Taylor se juntou a Lana para apresentar um lado Swift que vale a pena ser conferido não apenas pelos fãs, mas por todos nós que sabemos o quanto difícil e perverso é o mundo da fama e que insistimos ignorar. O antagonismo da cena inicial com Taylor tocando um piano com seu gatinho e a cena final com ela em cima do palco em frente a milhares de pessoas resume o que o documentário quer apresentar, uma evolução de uma garota não apenas em sua carreira mas em sua vida pessoal.
A trama gira em torno do retorno de Taylor após as críticas em 2016 com seu álbum Reputation, que a fez não ser indicada ao Grammy e ficar afastada dos holofotes. Combinando cenas em off com apresentações da cantora em shows, Lana vai mostrando um pouco da vida e evolução de Taylor desde seus 13 anos até os atuais 30. Swift sempre se mostrou uma garota ingênua, que compõe canções sobre amor e tristeza que aconteceram em sua vida, buscando ficar longe de envolvimentos políticos e religiosos. Isso caracterizou a cantora por muitos anos de sua carreira.
A chegada em uma carruagem branca em meio a tantos carros de luxo no VMA de 2009 aparentemente seria apenas um marco daquela noite, até que algo aconteceria e que mudaria a vida de Taylor. Após vencer o prêmio de Melhor Vídeo Feminino com You Belong With Me,desbancando Beyoncé com Single Ladies, Taylor foi surpreendida por Kanye West que invadiu o palco, tomou o microfone e afirmou que o prêmio da noite não deveria ter sido pra ela. Swift achou que as vaias destinadas a Kanye fossem para ela e aquilo acabou mudando a vida da jovem de 19 anos, que começou a ter uma visão de mundo diferente.
Passando por diversos conflitos psicológicos, uma agressão sexual, distúrbios alimentares e o câncer da mãe, Taylor foi se fortalecendo e crescendo cada vez mais no mercado da música. Se posicionar no meio country era algo difícil, como aconteceu com o grupo Dixie Chicks, que foram duramente criticadas ao se posicionarem contra o presidente Bush em 2003, mas Taylor acabou optando por quebrar o silêncio e se posicionar contra Marsha, senadora de Tennessee e apoiadora de Trump. Isso trouxe uma grande repercussão, e continuou com o posicionamento da cantora no VMA de 2019 a favor da Lei de Igualdade que tramitava no senado.
O que o documentário procura mostrar é o que muitas mulheres acabam vivendo diariamente, anônimas ou não, que escolhem o lado da ingenuidade e silêncio, que apenas sorriem e recebem elogios, sem se posicionarem na vida. Isso faz com que Miss Americana atinja não somente os fãs, mas aqueles que têm empatia pelas pessoas e por suas superações em meio aos conflitos.
"Eu me tornei a pessoa que todos queriam que eu fosse" - Taylor Swift
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